Fonte do documento: Museu Antropológico Diretor Pestana - MADP de Ijuí |
Como escreveu o escritor e jornalista Stefen Zweig (http://pt.wikipedia.org/wiki/Stefan_Zweig)
”O Brasil é o país do futuro!”...
Toda uma geração de imigrantes teuto brasileiros acreditaram,
neste lema nos anos 30 e inicio dos anos 40. Mas, em 1942, tudo mudou. O Brasil
rompeu relações diplomáticas com os países do Eixo - cujos cidadãos passaram a
ser considerados inimigos. O governo brasileiro precisava criar então os campos
de concentração para se alinhar com as estratégias dos Aliados e dos EUA.
Iniciou então uma das faces tristes que
os livros escolares não contam de nossa história. Principalmente imigrantes
alemães e japoneses foram levados a estes campos de trabalhos forçados, que não
tinham a crueldade dos campos de concentração da Alemanha, mas também deixaram
suas marcas. A maioria eram pessoas comuns. Muitos casados com mulheres
brasileiras e com filhos nascidos no Brasil. Falar em língua estrangeira ou
mesmo cantar “Noite Feliz” em alemão era vistos como uma ameaça. A reclusão nos “campos de concentração” praticamente foi uma
pré-condição para o apoio brasileiro aos Aliados. O tratamento dado aos
imigrantes foi um dos elementos de negociação no campo da política
internacional.
Foram criados oficialmente 12 Campos de
Concentração, mas a história oral conta mais de 30, espalhados por este Brasil:
1. Tomé-Açú (PA) - A
200 km de Belém. Recebeu alemães e japoneses;
2. Chã de Estêvão (PE)
- Abrigou empregados alemães da Cia Paulista de Tecidos (hoje conhecida como
Casas Pernambucanas);
3. Ilha das Flores
(RJ);
4. Pouso Alegre (MG) -
O campo de Pouso Alegre reunia presos militares: os 62 marinheiros do navio
Anneleise Essberger;.
5. Guaratinguetá e
Pindamonhangaba (SP) - Fazendas que pertenciam ao governo e foram adaptadas
para receber alemães;
Um dos alojamentos do antigo campo em Guaratinguetá |
6. Oscar Schneider
(SC) - Hospital transformado em colônia penal;
7. Daltro Filho(RS);
8. Presídio de
Curitiba(PR);
9. Bauru(SP);
10. Ribeirão Preto(SP);
11.Trindade(SC);
12. Pirassununga(SP).
Martin
Fischer possui em sua coleção (guardada no Museu Antropológico Diretor Pestana
– MADP, em Ijuí, RS) uma carta enviada por John Heimmeister (MADP 0.6.4 pasta
05 documento 284) à ele vinda da Colônia Penal Daltro Filho, localizada em Charqueadas,
RS, e datada do ano de 1942.
Fonte da foto: http://fotosantigas.prati.com.br/FotosAntigas/Diversos/Novas201203/Col%C3%B4nia_penal_General_Daltro_Filho_%C3%A0s_margens_do_Rio_Jacu%C3%AD.htm |
A mesma relata que a cinco meses estava recluso naquela prisão. Tal pessoa solicita ajuda e roupas de
Martin Fischer, tais como: pijamas, meias e outros objetos pessoais. Através
deste relato temos uma testemunha viva da
história sobre os campos de Concentração do Brasil (http://segundaguerra.net/no-brasil-tambem-houve-campos-de-concentracao-durante-a-segunda-guerra/).
Nos seus escritos nos faz entender muitos fatos/acontecimentos não contados por
nossos avôs e bisavôs (e muito menos na imprensa e livros) sobre esta época, ou
seja, dos sentimentos e tristezas que endureceram muitos corações e vidas.
Tais
imigrantes já não pertenciam mais a velha Europa devastada pela guerra, mas de
repente eles também eram/foram considerados inimigos da terra que os acolheu e se tornou seus novos
lares...
No Brasil pouco se ouve falar sobre a
resistência ao nazismo feita pelos próprios alemães, aqueles que não apoiavam e
não queriam a funesta guerra de Adolf Hitler. Mas ela existiu, e podemos encontrar a mesma nos textos do jornalista Ernest
Feder (http://www.casastefanzweig.org/sec_canto_view.php?id=32 e http://de.wikipedia.org/wiki/Ernst_Feder).
O qual após sua incansável luta criou um
dos grandes movimentos de resistência ao nazismo no mundo, reunindo grandes
nomes literários e sociais do mundo em 1945.
Enfim,
John Heinmeister, através de sua “anônima e singela carta” ao jornalista e
pesquisador Martin Fischer, que também era alemão e morava em Ijuí, nos revela uma
grande e histórica visão daqueles terríveis anos vividos nos anos 40, não só no
Brasil, mas em todo o mundo.
Pesquisadora e historiadora Marcia
Adriana Krug
Bagé
ResponderExcluirAdoreiiiii
Marcia krug
Bom dia, sei sua postagem tem 11 anos, mas gostaria de informações, moro em Charqueadas e as cartas referidas no seu texto me chamou atenção. Se pudermos fazer contato via whastapp 51 980615181
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