sábado, 27 de abril de 2024

Engenheiro Egon Jost, nascido em Ijuí, orgulhosamente foi quem sincronizou e fez funcionar as engrenagens da ponte levadiça sobre o rio Guaíba, em Porto Alegre!

Dr. Luiz Carlos Sanfelice, especial para o blog IJUÍ - MEMÓRIA VIRTUAL:

Tenho escrito sobre filhos de Ijuí que, fora daqui, por seu trabalho e atuação humana e profissional, levaram ao Brasil e ao Mundo o nome de nossa jovem cidade e a consagraram como terra de gente pujante e honrada. Com orgulho e emoção trago hoje à vocês a brilhante história de vida do Engenheiro Civil, Mecânico e Eletricista o ijuiense EGON JOST.

Poucos de vocês o conheceram pessoalmente pois cedo saiu daqui, mas espalhou inteligência, aptidão, competência e profissionalismo na Suíça, Alemanha e Brasil. E no Brasil, em todas as hidrelétricas, desde Itaipu, Furnas, Tucuruí, Monte Belo e outras grandes e no Vão Móvel da Ponte do Guaíba, que funciona até hoje, porque Egon Jost, debruçado sob esquemas e gráficos, sincronizou os motores que, sem o menor desvio, ergue os 4 cantos do vão móvel com a mesma precisão, até hoje.

 Qualificado em Civil, Mecânica e Elétrica, sentava de igual pra igual com todos Engenheiros, tendo a plena noção da interveniência de uma na outra, especialmente no caso de água, concreto, mecânica de movimento e geradores. Isso não é para qualquer um.

Filho de Alfredo Jost, comerciante e da Professora Gertrud Rymann Jost, nasceu em em Ijuí, no dia 27 de abril de 1930. Concluiu o Ginásio no Sinodal de São Leopoldo em 1945. Graduou-se na Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS em 1953. Casou com Lorely Sonia Genz (de Ijuí) em 1954 e em 1955 já foi chamado à Suíça onde ingressou na “Maschinen Fabrik Oerlikon” (MFO).

Casal Egon e Lorely, aos 80 anos de idade

O jovem casal morou na Suíça por dois anos, onde além da perfeição técnica de um bom descendente de alemão, incluiu a precisão milimétrica dos Suíços, em suas decisões. Acabou ingressando na SIEMENS na Alemanha, onde aprimorou seus conhecimentos e em outubro de 1957 voltaram ao Brasil. Imediatamente a SIEMENS designa-o para montar o painel de instrumentos de operação do Vão Móvel da Ponte do Guaíba, na cidade de Porto Alegre, em fase final de obras e cuja inauguração estava prevista (como de fato foi) para 1958, pelo então Governador Ildo Meneghetti, com o nome de “Travessia Régis Bittencourt”.

         A bela e majestosa ponte levadiça sobre o rio Guaíba, em Porto Alegre

O irmão do Egon, o Hardy Jost, morava comigo em Porto Alegre junto com o Mário Matte (filho do conhecido Bruno Matte)e a gente sabia. O Egon passou noites e noites inteiras debruçado sobre todo o esquema elétrico até esgotar tudo na teoria e, um dia, fomos juntos lá ver se a ponte subia. E subiu serena, tranquila, sem roncos ou estalos, até a altura prevista. Só não tomamos um fogo de “champagne Don Perignon” porque nem tinha aqui, e nem nós tanto dinheiro pra comprá-la.

Nosso peito ficou estufado e cheio de ideal cívico, pois UM IJUIENSE fez a ponte funcionar. 1957: sabe o que isso significava? O Governo pôs uma placa que lá ficou por muitos anos,  (e não sei por que tiraram): “Engº Responsável – EGON JOST”. Inaugurada a Ponte e tudo ajustado, Egon e esposa foram morar em São Paulo, sede da SIEMENS do Brasil.

UMA CURIOSIDADE: Durante muitos anos as placas dos automóveis tinham o nome da cidade, e em baixo seis algarismos tomados de 2 em 2. Por exemplo: 32.54.87, ou 32.29.76. No Rio Grande do Sul sempre o primeiro par era 32. Aí então o Egon, ainda estudante, brincou que se visse um carro 32.32.32 ele o seguiria, e se o cara tivesse uma filha, ele a namoraria. Acredite: aconteceu e ele namorou a menina por um bom tempo.

Embasados num sólido casamento do tipo “até que a morte os separe”, Egon e Lorely tiveram 3 filhos:

Casal Egon e Lorely, aos 80 anos de idade, com seus três filhos .
Casal Egon e Lorely, aos 80 anos de idade, com seus três filhos.












- BEATRIZ JOST BREUEL, nasceu em 1958. Graduou-se em Arquitetura e casou com Maximilian Breuel, Engenheiro, e tem dois filhos: Christian Max e Thomas Alexander, ambos casados;

- ELIZABETH JOST SOUTO, nasceu em 1960. Graduou-se em Enfermagem e casou com Francisco José Prates Souto, Médico, e também têm dois filhos: André Luís e Gabriele, ambos casados;

- JULIO ALFREDO JOST, nasceu em 1965. Diretor do “Resort Ponta dos Ganchos”, em Santa Catarina. Casou com Andrea Barone, Designer de Interiores e igualmente o casal têm dois filhos, ambos solteiros, Giuliana e Felipe.

Os netos já geraram cinco bisnetos. Embora Egon e Lorely tenham curtido com amor o crescimento dos filhos e desfrutado a imensa alegria de aconchegar em seus braços seis dos queridos netos, Egon por ter deixado esta vida em agosto de 2015, não chegou a conhecer nenhum dos cinco bisnetos nascidos, até agora. Contudo Lorely, viúva, desfrutando agora de uma saudável e merecida velhice, aos 93 anos, saudosa de seu querido Egon, participa do crescimento dos bisnetos.

Uma carreira brilhante e apesar do rigor de uma empresa severa, Egon galgou rapidamente posições e, por seu mérito, tornou-se DIRETOR da SIEMENS do Brasil, ainda em 1967, com apenas 36 anos. Constantemente na Europa e em países americanos, não estava em SP quando do terrível incêndio do Edifício Andraus, que sediava toda a administração da Siemens brasileira. Sua sala foi destruída, todos seus preciosos arquivos com projetos de grandes Usinas e outras atividades, foram perdidos. Na ocasião ele estava em viagem para tratar de assuntos da hidrelétrica de “Yacyretã”, em Buenos Aires, Argentina.

Trabalhador incansável, logo que pode adquiriu um sítio pertinho de SP e lá nos finais de semana “recarregava” suas “baterias”. Comprou uma bela casa em Ilhabela para a família desfrutar as férias de verão e estar junto ao mar. Interessante que enquanto morou no RS, fez uma casa na praia de Jardim Atlântico e nunca a vendeu. Manteve como elo com a família (avós, tios, primos e amigos de Ijuí, e com o próprio RS).

Essa casa pertence hoje à sua filha mais velha, Beatriz, que a mantêm e onde reúne a família de gaúchos e não gaúchos, mas todos tendo Egon como elo comum. Egon se aposentou em 1991 no honroso cargo de Diretor da SIEMENS.

MAS ANTES, O IMPENSÁVEL ACONTECEU:

Egon, passageiro de um voo comercial de rotina, a caminho de Manaus, de repente ouve o Comandante chamar: “Atenção Engº Egon Jost, por favor, compareça com urgência na cabine de comando!” Deus do céu??? Como??? O Comandante nem me conhece, mas sabe meu nome. Nossa!!! Egon saltou do assento e ‘voou’ até a cabine.

 O Comandante lhe diz: “O Rio Grande do Sul, está parado, e precisam de você em Porto Alegre. A ponte elevada do Guaíba enguiçou no meio caminho, nem sobe nem desce. Parou tudo! Um navio que ia passar mal conseguiu parar.  Centenas de milhares de pessoas, em ônibus, carros e caminhões, de ambos os lados, estão presos no trânsito, que não anda nem para frente e trás. Engarrafou toda região.

Tudo parado e disseram que só você conhece como funciona aquela ponte, e sua parte levadiça. Por caminhos impossíveis você foi localizado a bordo deste avião e eles estão “na escuta” via rádio para saber o que fazer. (Nenhuma surpresa na vida pode ser tão surpresa como uma coisa assim).

E agora?... “Faz mais de 35 anos que fiz aquela ponte funcionar”... Mas, quem sabe, sabe. Quem tem conhecimento e preparo sabe ‘onde pisa’ e logo tudo ‘da alma’ do esquema da Ponte passou por sua cabeça e a possibilidade do que era, “se iluminou” na sua mente.

Chegou a conclusão de que o vão da ponte estava torto, deslocado. Egon identificou qual torre estava fora do prumo. Manou então acessassem um determinado ‘disjuntor’ e perguntou: “vejam se não tem um ninho de pássaros ou penas junto ao disjuntor? Se não tem uma pena de ave interrompendo a corrente?” Ora, ora, ora, meu Deus do céu!!!... lá estava a dita pena. Bastou removê-la e o circuito funcionou. Agora tinha que nivelar o vão que estava torto. Egon, via o rádio do avião, (e o avião voando) foi dizendo, “tanto pra cá, tanto pra lá” até que os instrumentos marcassem a sincronização restabelecida. E assim foi...

Naqueles inacessíveis cantinhos da construção da ponte, no meio d’água, nada poderia ter acesso na área de controles e máquinas, a menos que voasse, e o local é cheio de pássaros que ali vivem, constroem seus ninhos. Portanto, a conclusão foi que, mesmo que parecesse inusitado uma simples e despretensiosa pena da asa de um deles – dos pássaros - foi, de algum modo, ali pousar e interrompeu a corrente. O engenheiro Egon imaginou essa possibilidade. Não deu outra.

“DÁ PRA ACREDITAR NUMA LOUCURA DESSAS”???? Pois aconteceu e, mais uma vez, um ijuiense brilhou no mundo. Isto não é romance. É vida real e é nossa, daqui, da querida Ijuí. Quando andar por Porto Alegre, olhe aquela Ponte e lembre-se do Egon e desta história, sua contribuição na área da engenharia gaúcha, do Brasil e do mundo.

Adore sua terra e valorize seus nobres filhos. Se eu fosse Vereador ou Prefeito, proporia eternizar seu nome, por tudo que fez e foi, com uma rua, uma grande obra, com seu nome. Hoje, 27 de abril, exatamente hoje, Egon completaria 94 anos.

Contribuição especial para o Blog IJUÍ - MEMÓRIA VIRTUAL do Dr. Luiz Carlos Sanfelice, Porto Alegre, RS.

E-mail: lcsanfelice@gmail.com

IJUHY: a "Babel do novo mundo!"


 

sábado, 13 de abril de 2024

Significado das "inscrições, símbolos e figuras misteriosas" na Praça da República de Ijuí

Compartilhamos a coluna do IJUHY de ANTIGAMENTE no Jornal da Manhã de hoje procurando resgatar um fato curioso e misterioso para quem passa pela Praça da República de Ijuí. Em especial em frente ao palanque oficial, local em que ficam as autoridades, quando de algum momento cívico-militar na rua Benjamin Constant. Ou seja, o que significaria ou estaria escrito naquelas letras ou figuras em alto relevo no murinho de concreto que serve como balcão do palanque oficial?



sábado, 6 de abril de 2024

"Marco Zero" da Colônia do IJUHY de ANTIGAMENTE... Traçado das ruas, linhas e travessões do município de Ijuí

 Compartilhamos a coluna do IJUHY de ANTIGAMENTE no Jornal da Manhã de hoje, 06/04/2024,  procurando resgatar, relembrar e até mesmo compartilhar com muitos que ainda não sabiam de que o espaço geográfico do território da Colônia de Ijuhy, primeira criada após a Proclamação da República no Brasil, em 1890, foi detalhadamente planejado e organizado - ao menos nas primeiras décadas. A existência de um "Marco Zero" e o interessante traçado das primeiras ruas, linhas e travessões: