sábado, 9 de junho de 2012

Benno Orlando Burmann, ex-prefeito de Ijuí e Deputado Estadual, quando exilado no Uruguai - em 1971 - sofreu uma tentativa de sequestro!

Reprodução de capa do jornal "A Platéia", de Santana do Livramento, RS, do dia 31 de março de 1971.

Texto, pesquisa e fotos  publicado originalmente no Blog “Jogos de Memória”, de Marlon Aseff, sob o título de “O DOPs nas ruas de Riveira”. Disponível em:  http://jogosdamemoria.blogspot.com.br/2010_04_01_archive.html

A edição do jornal santanense A Platéia, de 31 de março de 1971, estampava a tentativa de sequestro em Rivera do ex-deputado estadual e ex-prefeito de Ijuí, Beno Orlando Burmann (PDT-RS). Diva Burmann, companheira de Beno no exílio rememora no texto acima a ação dos homens do DOPS gaúcho, em mais uma operação que não distinguia limites territoriais, subscrita pela doutrina de segurança nacional. Este artigo também foi publicado em Retratos do Exílio, Solidariedade e Resistência na Fronteira (Edunisc, 2009), de autoria de Marlon Aseff.
Benno Orlando Burmann

"Ele estava lá em Rivera, e uns amigos dele, que ele tinha contato com gente da fronteira, ele sempre seguiu fazendo contato, com gente que queria fazer uma contra-revolução, o contra-golpe. E marcaram pra ir encontrar com ele, e deram um nome. Mas ele não conhecia quem era. E aí ele pegou o carro, e eu disse, tu não vai sózinho, tu não sabe quem é...e aí nós fomos.
Foi ali perto da Delegacia de Rivera, ali tem uma Igreja, e uma ruazinha que não tem muito movimento. Eu fiquei dentro do auto, ali perto da igreja católica. E ele desceu e foi a pé lá para encontrar essa pessoa. Ele não sabia quem era. E quando ele foi lá encontrar era uma cilada. Tinham cinco, e tentaram pegar ele, e ele era um homem forte, porque nós tínhamos uma chácara, e ele revirava aquelas terras, fazia horta (...) E daí foi quando quiseram prender ele, empurraram ele pra dentro da camionete, duas ou três vezes, e ele dava um pulo, e não conseguiam segurar ele. Ele era muito grande e forte. Da última vez ele disse que já estava dentro, quando ele fincou com o pé no banco, empurrou assim o pé no banco e caiu pra fora. E gritou: - Tão me seqüestrando! Gritou, gritou e ia passando um cara da polícia, que é bem perto a delegacia ali, e disse: É o deputado Burman, tão sequestrando!
Porque tinha guarda do Uruguai que cuidavam dele, que iam lá em casa. E quando ele gritou assim, o cara esse era conhecido até nosso, sabe? Era um sargento ali da brigada de Rivera. E viu isso e pegou e veio correndo de revólver e deu um tiro, e eles se assustaram e soltaram o Orlando e correram. E ele ainda deu uns tiros nos pneus do carro. E atiraram o Orlando e tentaram passar por cima do Orlando, que estava caindo assim no lado. Mas ele deu uns tiros e não conseguiram pegar ele. Senão iam matar o Orlando, já tinham matado um antes, uma guria que teve lá em casa. Gente daqui. Era uma guria que tinha vindo de São Paulo, foi se exilar, filha de um médico".

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