O Parque da Pedreira
por Teobaldo Branco
Texto publicado originalmente no dia 16/11/2011, no Portal Ijuí.Com.
Disponível em: http://www.ijui.com/especiais/artigos/28152-o-parque-da-pedreira-por-teobaldo-branco
Publicado no Blog com autorização do autor.
Neste texto emocionante, o professor Teobaldo Branco conta a história
de sua família, particularmente de seu filho Élson João Antônio Branco que
pereceu afogado nas águas do lago da Pedreira no início da tarde de 13 de março
de 1983. Eis o bonito texto que o professor e escritor escreveu em homenagem ao
seu filho Élson João Antônio Branco.
Uma saudade em memória
familiar.
A última página que fechou uma
história marcada com lágrimas na existência de uma família.
A história da vida de um menino
que nasceu em 15 de maio de 1965, na Barra da Fortuna, Tenente Portela, estado
do Rio Grande do Sul. Élson João Antônio,
filho de Teobaldo e Verônica Branco.
Ele, desde berço expressava um
olhar místico, de forma enigmática, que refletia uma sensação límpida, sábia, parecia algo oculto e
profundo. Cresceu saudável contemplando horizontes de um futuro próspero, com
muitos desejos. Na Barra da Fortuna foram dois anos iniciais numa aprendizagem
de trabalhar e viver em família.
O tempo passa e assim via se
confirmando a trajetória de desenvolvimento do menino. Bem cedo começou a ler e
escrever na escola, junto com seus pais professores, que tinham muita
facilidade em compreender o meio, a história do mundo em que vivia.
O seu primeiro banco escolar
foi na Escola Estadual de Barra do Gravatá, Braga/RS, onde cursou até a 5ª série, concluindo o primeiro grau
numa escola Estadual da cidade de Braga. Durante esse tempo caminhava 6 km
todos os dias até a escola, por estrada irregular do interior.
Era um belo menino, com grande
expectativa no destino de sua vida, ele era espontâneo e participativo com a família, na escola e grupos de suas relações.
Time da Escola. Élson com a bola, coluna da frente. O pai em pé, a direita. |
Quando menino jogou
futebol no time da escola, e também
treinava no Internacional de Sítio Tunes, uma localidade vizinha. Certa vez ele
foi colocado no time adulto, ainda menino. Recebendo proteção dos companheiros,
ele teve a sorte de fazer um gol contra um time de outra localidade. Lembro-me
como se fosse hoje, ainda menino sendo enriquecido de pequenas glórias, para os
pais e para ele era um júbilo, muita honra, momentos felizes.
O tempo ia passando e na
localidade de Barra do Gravatá, Braga, nasceu em 15 de junho de 1971, um outro lindo
menino, o mano, Gerson Luiz Carlos, com
uma diferença de 6 anos de idade. O Élson ajudou os pais cuidar de seu irmão e
estudava. Ali foram 9 anos de labuta.
Havia segundo grau somente na
cidade de Campo Novo, município vizinho, onde toda a família se transferiu para
lá. Ele começou e concluiu o segundo grau na Escola Comercial de Campo Novo. Em
Campo Novo assumia liderança no meio estudantil.
Representando a Escola – Semana da Pátria. |
Em 25 de julho de 1978 nasceu
Bianca Meneia, uma bela menina para dar
perfeição à pátria familiar, o Élson com
13 anos e o Gerson com 7 anos. Ambos eram saudosos, espontâneos e colaboradores
com a família.
Com a mãe na formatura de 2º grau ao receber certificado. |
Os dois meninos ajudavam os
pais cuidar e proteger a irmãzinha
Bianca. Tudo era uma vida de sacrifícios e de exigências pelas dificuldades
econômica que a família sofria, mas era imensa a vontade e a esperança de todos
familiares ter um futuro de vida, de paz, saúde
e de felicidade. Em Campo Novo foram 6 anos de lida incessante. Muitos sonhos.
O menino Élson concluiu o
segundo grau e fez vestibular na Universidade
de Ijuí - UNIJUÍ, onde ingressou no curso de administração de Empresas. Os pais
professores estaduais conseguiram transferência para Ijuí em 1982, a partir de
março. Em contato com o Professor Paulo Frizzo (da Universidade) o pai conseguiu
emprego para o Élson, na biblioteca da Fidene/Unijuí, onde estudava e
trabalhava. A família se organizou de forma precária, onde o estudo e o trabalho
era a meta que se devia seguir.
A Bianca, então com três anos, era levada pelo Élson até a Escola Maternal da
Escola Francisco de Assis –EFA. O pai na Coordenadoria, a mãe na Escola do
Osvaldo Aranha. Gerson estudava e ia buscar a Bianca na Escola pela disponibilidade maior de tempo.
O menino Élson, adolescente
sendo aprovado com resultados satisfatório na Faculdade, bem como, com ótimo
desempenho no trabalho, ia vencendo obstáculos e apreciando os louvores da vida
acadêmica.
No segundo ano foi transferido
para o setor administrativo onde funciona o arquivo da informática da
universidade. Eram dia e noite de trabalho e aulas incessantemente, mas tudo
tem uma recompensa, na lei dos justos.
Jovem, homem de ideias,
lutador, responsável pelo dever, sonhador e construtor soberano do bem, dos
justos. Percebia-se a sua força ética como projeto pessoal de vida, com uma
visão a frente do seu tempo.
Sonhador e fiel aos seus
princípios, sendo receptivo de um vasto número de amizades com colegas,
professores, parentes, familiares e meninas que lhe queriam. Ele era um menino
galã e de postura no mundo social.
Até que um dia.... nma tarde de 13 de março de
1983, logo após ao meio dia ele recebeu seu amigo e colega Valdir, que o
convidou para irem na Lagoa da Pedreira banhar-se. (Situada no final da Linha 3
Oeste, próxima ao Campus da UNIJUÍ e distante do centro da cidade 3-4 quilômetros).
Outra visão parcial do Lago da Pedreira, em Ijuí. |
Por volta das 15 horas da tarde
chegou um estudante de Campo Novo em nossa casa e informou que houve um
acidente com o Élson. Imediatamente nos dirigimos para o local e se percebeu
que o mesmo era fatal. Ele estava
deitado sem vida na praia da lagoa, uma tragédia familiar, motivo para haver
lágrimas durante todos os tempos... Não passa o luto enquanto se vive.
Uma vida ceifada que deixou um
colorido jovem nas águas límpidas do Lago da Pedreira. Um testemunho da
história de um personagem jovem, que permanecerá na memória das gerações, como
marca eterna de uma vida, momento que fechou o livro, no local onde tombou.
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