Texto de Paulo Mühlbach
Artigo
publicado originalmente no Portal Ijuí.Com, no dia 05 de agosto de 2012.
Disponível em: http://www.ijui.com/especiais/artigos/37991-resgatando-a-historia-familiar-dos-muehlbach-atraves-do-google-e-da-internet-por-paulo-muehlbach
Partindo de uma informação
familiar, coloquei no Google os termos “Bremen Sierra Ventana Passagierliste
1930” e cheguei a um portal do arquivo da cidade de Bremen, Alemanha, através
do qual se obtém as listas de passageiros lá embarcados durante várias décadas,
para as mais diversas regiões do mundo.
Assim, descobri que no dia 11 de
Agosto de 1930 partia de Bremen, com destino ao Rio de Janeiro, o navio “Sierra
Ventana”, com 153 passageiros, de origem alemã, que apesar de nascidos na
extinta União Soviética eram classificados como “apátridas”, sem nacionalidade,
já que eram fugitivos do sanguinário regime de Stalin.
Todos eles, após a fuga em
dezembro de 1929, tinham sido abrigados provisoriamente num campo de
refugiados, em Moelln, na Alemanha e buscavam emigrar para algum país livre,
que lhes desse abrigo e uma oportunidade para reconstruir suas vidas.
Entre essas cerca de 40 famílias,
que constituíram uma das várias levas de teuto-russos que colonizaram a região
hoje compreendida pelo município de Riqueza, SC, figuravam os Mühlbach, meus
avós paternos Robert e Luise, com seus seis filhos, entre eles o meu pai,
Oskar, à época da chegada ao Brasil, com 11 anos.
As condições de vida desses adquirentes
de pequenas colônias da Companhia Territorial Sul Brasil eram precaríssimas.
Não havia médico, hospital,
escola, igreja, etc., tudo haveria de brotar penosamente a partir da derrubada
da mata existente e do cultivo da terra virgem do Oeste Catarinense.
Para ilustrar, publico acima uma
foto do que foi a primeira morada dos Mühlbach no Brasil, às margens do rio
Iracema, onde aparecem minha avó Luise (pés descalços), meu tio Roberto e meu
pai, o garoto com o chapéu de palha.
Muitas dessas famílias teuto-russas,
passados alguns anos de muita luta pela sobrevivência, deslocaram-se para
outras regiões, entre elas Ijuí, onde se radicaram, no caso dos meus
familiares, nos anos 40, e prosperaram juntamente com as famílias Hass, Brandt,
Nachtigall, Eberle e outras.
A história desse pessoal
teuto-russo ainda está sendo contada.
Os livros “Escapando do ‘Paraíso’
Vermelho”, de Erica M. Neumann, e “Iracema - Riqueza Fragmentos de uma
História” de Silvani M. Di Domênico, resgatam aspectos muito interessantes
desta verdadeira saga.
Atualmente, meus familiares não
nascidos no Brasil, são todos falecidos
e a gente agora lamenta não tê-los inquirido mais sobre suas vivências daquelas
épocas.
Tenho hoje muito interesse de
conhecer mais sobre a vida deles na terra de origem, a Criméia, uma península
do Mar Negro, hoje pertencente à Ucrânia, onde cultivavam trigo, o que venho
tentando resgatar através da Internet.
Assim, numa dessas buscas pelo
Google, inseri as palavras Kambar (vilarejo de origem dos Mühlbach) e Crimea
(Criméia, em inglês).
O Google expeliu 2.960.000
resultados em fração de segundo, e, para minha surpresa, no terceiro resultado
saltou-me aos olhos a palavra Muehlbach, relativo à pessoa de uma certa
Wilhelmina Riedel, nascida Mühlbach.
A partir daí, de “link” em
“link”, descobri que essa senhora era uma das muitas irmãs do meu bisavô Johann
Ludwig, e que ela havia emigrado já em 1914 para os Estados Unidos, e tivera,
por sua vez, 12 filhos, falecendo em 1924.
Responsável pela relação entre as
palavras Kambar e Mühlbach, que apareceram no Google, foram as pesquisas,
também pela Internet, de uma antes desconhecida prima minha em terceiro grau,
que mora na Dakota do Sul, e cujo passatempo predileto é buscar ancestrais e
cultivar uma extensa árvore genealógica.
Antes dessa descoberta não
imaginava que tivesse algum parente nos “States”, nem sabia que cerca de 200
mil famílias de teuto-russos ocuparam as terras das planícies dos estados de
Dakota do Norte e Dakota do Sul, gerando os trigais que hoje abastecem uma
considerável parte da população do planeta.
A universidade da Dakota do Norte
mantém uma biblioteca especializada no resgate da história dessa colonização,
bem como seu portal dispõe de muita informação a respeito.
Para encurtar a história: a prima
americana enviou-me, recentemente, os dados que vem compilando, e, para minha
surpresa, descobri que tenho uns 90 primos em terceiro grau nos EUA, quando,
até uns meses atrás, tal fato nunca me passaria pela cabeça.
São coisas boas da vida moderna,
saber navegar pela Internet.
Se algum familiar ou interessado quiser se comunicar com o
professor Paulo Mühlbach, seu e-mail é:
00004027@ufrgs.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário