Membro
do Partido Comunista desde 1950, no distrito de
Horizontina, município de Santa Rosa, estado do Rio Grande do Sul,
Brasil, na época, participou da Legalidade com Brizola no Rio Grande do Sul.
Lutou
pelo movimento dos sem terra. Foi defensor da
democracia e lutou contra a ditadura militar, pelo socialismo.
Em
1964 foi perseguido pela ditadura militar sendo obrigado ir para o exílio,
em busca de refúgio. Para
escapar do cárcere percorreu enormes distâncias na fronteira entre dois países,
se obrigou vender todas as propriedades (terras) para manter-se no país
vizinho, da Argentina.
A história de um notável
do PCB, de Horizontina, estado do Rio
Grande do Sul, Brasil
-
Por Teobalbo Branco
Antônio
Camargo Sózio (1909 – 1988) nasceu em Cachoeira do Sul, filho de Luiz Domenico
Sózio e Marcelina Camargo.
Seu
pai era imigrante italiano que veio ao Brasil com 17 anos de idade, cuja
residência inicial foi em Cachoeira do Sul, estado do Rio Grande do Sul,
dedicando-se a vida de caixeiro viajante.
O
Senhor Domenico diante de seu trabalho passou a residir na vila (distrito) de
Cruz Alta, então pertencente à sede municipal de Rio Pardo/RS.
Casou-se
com Marcelina Camargo e teve nove filhos, sendo Inácio filho de criação e
filhos de sangue: Rosina, Antônio, Adão, Augusta, Francisco, Olga, Alcebides e
Mário.
A
vida de Antônio, o segundo filho de sangue, iniciou interno num seminário em
Cruz Alta/RS durante quatro anos, completando a 5ª série até aos 13 anos.
Os
Padres pediram para permanecer no seminário para dar continuidade nos estudos,
mas seu pai mesmo que italiano religioso, cujo ideal de família não aceitou.
Cruz
Alta é região de campo aberto, Antônio Sózio mudou-se para a serra, região do
Alto Uruguai, onde havia colonização de imigrantes para trabalhar na
agricultura para seu sustento e ajudar a família.
|
Foto de 1978, Dona Lucila e Antônio Sózio |
Casou-se com idade de 26 anos, com Lucila
Pereira da Rosa, em 1935, no distrito de Tucunduva, município de Santa
Rosa/rs, e lá começou a vida; logo mudou-se no interior
de Horizontina ao adquirir 25 hectares de terra para atividade agrícola na localidade
de Lajeado Esquecido.
Nessa
propriedade construiu sua família, uma nova vida, com os filhos: Leonor,
Valdemar, Nair, Luiza, Zelinda e Valdir; sempre tentando buscar a prosperidade
no caminho do modelo e costumes culturais da sociedade, pelos princípios da boa
vivência.
Antônio
Sózio foi obrigado a refugiar-se no país vizinho, da Argentina, pela ditadura
militar, por ser comunista.
Como ocorreu sua adesão
ao Marxismo
Antônio Sózio
já era comunista pelo modo de viver. Ele pensava como verdade, que tudo
devia ser comum a todos com igualdade, sem distinção.
Certa
vez foi a um comerciante na Esquina Tiradentes, localidade vizinha,
no então distrito de Horizontina, onde se encontrou com pessoas que
dialogavam trocando ideias.
O
assunto girava em torno de revoluções, tendo um socialista presente que
lembrava Luiz Carlos Prestes pelo desapego dos interesses pessoais e pela busca
obstinada dos seus sonhos, que eram por mudanças sociais em favor da dignidade
dos humildes e excluídos.
Outro
participante que estava presente, era
Miguel Arzevenko, um russo que falava sobre posições partidárias e sobre o destino do futuro político no mundo.
Ele
explicava que as organizações das nações estavam em dois blocos, o capitalismo
e o socialismo e afirmava que no Brasil:
“Somente um pacote socialista na constituição seria a solução dos problemas,
sem faltar de educação e igualdade social”
O
primeiro documento que Antônio Sózio leu na década de 30, foi sobre o Manifesto
de Luiz Carlos Prestes, editado pelo Diário da Noite, São Paulo, em maio de 1930, onde ele denunciava a
exploração colonialista dos feudais e convocava os trabalhadores pela entrega da terra aos que trabalham
e pela libertação do jugo do
imperialismo.
Na
sequência passou ler o jornal, Classe
Operária e, a partir disso continuou os contatos políticos até começar a
promover reuniões com mais pessoas para discutirem assuntos políticos
partidários. Passou a ler livros de Carlos Marx e Lenin até assumir a ideologia
marxista e liderar a doutrina das ideias socialista, logo inscrevendo-se no partido do PCB.
Adquiriu
conhecimentos pelas leituras e sentiu a necessidade de participar de congressos e encontros para
instruir-se mais sobre o mundo político dos partidos e suas ideologias.
Participou
do 1º Congresso de Agricultores em Minas Gerais. Também realizou cursos de
política em Porto Alegre.
Antônio
Camargo Sózio encontrou-se com lideres maiores entre eles João Amazonas, Luiz
Carlos Prestes, conheceu Mauricio Grabóis num encontro na Bahia.
Também
tinha contato com Francisco Julião, que lutava contra o latifúndio em favor dos
sem terra.
Dialogava
com Paulo Schilling sobre movimento dos sem terra, assessor do governador Leonel Brizola na
época.
Conheceu
outros líderes como Carlos Marighela, Avelino Capitani, Carlos Lamarca, e
conseguiu trazer João Amazonas numa
reunião na residência de Pedro
Sapieginski na localidade de Escola Branca, então município de Horizontina.
Antônio
Sózio era um marxista espírita e não cansava de dizer repetidamente: “nunca é tarde para começar; nossa vida não
começa no berço e não termina no túmulo. A vida pode ser pobre materialmente,
mas a riqueza está na vida espiritual, pela prática do bem”
Antônio
Sózio exercia atividades sociais como socialista nato
Escola: Em 1945 Antônio Sózio liderou a construção da escola
Municipal na localidade que passou a denominar-se de Escola Branca, porque a
escola foi pintada de cor branca. Ele
foi o presidente da Comissão e depois de concluída, no 8º distrito de
Horizontina, junto com autoridades de educação do município de Santa Rosa, a
escola recebeu o nome de Escola Municipal Coronel Camisão.
Futebol: Antônio Sózio estava sempre presente
colaborando nos esportes, na modalidade de futebol, no Esporte Clube 15 de Novembro de Lajeado Esquecido, com sede
na propriedade da família Viletti. Ele atuava com sua presença na organização,
opinando no corpo coletivo da sociedade esportiva, era um colaborador.
Cooperativa: Em 1956, o agricultor Antônio Camargo Sózio liderou os
agricultores das comunidades vizinhas da localidade de Escola Branca e fundaram
a Cooperativa Mista Agrícola Cruzeiro do Sul Ltda.
A
Cooperativa contava com a loja de mercadorias gerais, armazém de depósito de
produtos de cereais dos associados, casa residencial do gerente e espaço
administrativo. A maioria dos agricultores da redondeza eram associados.
O
primeiro gerente foi Antônio Sózio; o regulamento estatutário depois de dois
mandatos obrigatoriamente devia trocar, onde entrou Pedro Sapieginski.
Em
1964, a cooperativa faliu porque as lideranças eram de esquerda com o golpe
militar, todas as pessoas foram obrigadas a se afastar para evitar
perseguições, por isso foi extinta.
O
senhor Antônio Sózio, se obrigou emigrar refugiando-se em outro país, na
Argentina e encerrando atividades sociais comunitárias.
Episódios inesquecíveis
sobre a 2ª guerra mundial
Em 1944, certo dia do mês de maio daquele ano,
Antônio Sózio foi ao comércio na casa de
Antônio Manhabosco, no interior rural da localidade de Esquina Tunas, onde
estavam vários presentes ao local da venda de mercadorias e compra de produtos
agrícolas.
Ali
na referida loja as pessoas conversavam sobre a vida do cotidiano, coisas de
trabalho e alguns contos de humor e informações sobre conhecimentos do mundo
agrícola, também sobre o mundo das
notícias que estava no ar sobre a 2ª guerra mundial.
O
senhor Antônio Sózio não era muito conhecido, mas já havia notícias que ele era
comunista, sem participar do diálogo foi inquirido agressivamente com uma
pergunta irônica de um descendente alemão, que disse: Está preparado para puxar carroça depois que
Alemanha ganhar a guerra?
Antônio
Sózio ficou pasmou e replicou: como assim, puxar carroça? O seu interlocutor reafirmou: Espera para
ver quem vai mandar e quem vai obedecer. Comunista vai ser escravo.
Na
tréplica, o senhor Antônio, disse: enquanto dois cavalos estão correndo ninguém
sabe o ganhador, porque um pode tropeçar.
Após
alguns sorrisos de outros presentes, Antônio Sózio, um tanto assustado com a
humilhação de modo radical, logo procurou retirar-se com suas mercadorias
compradas indo para sua residência.
Foi
um momento de cair à ficha; sentiu a veracidade da afirmação. Sofrendo o
preconceito do significado de ser comunista percebeu o grande perigo se o
nazismo dominasse o mundo político.
Na
época os agricultores se abasteciam das necessidades familiares assim como para
a comercialização de seus produtos nos comerciantes no meio rural próximo;
lugar de encontro onde eram comentados os assuntos político e sobre os
acontecimentos da guerra.
Havia
panfletos de ambos os lados que comprometiam a boa vivência entre os cidadãos
pela opção de um mundo dividido em dois blocos.
Antônio
Sózio recebia material do PCB e viabilizava a distribuição dos panfletos
antinazista em pontos estratégicos, discretamente na localidade e nas vizinhas.
Reunião sobre os
acontecimentos da guerra
Uma
reunião se organizou sob a liderança de Antônio Camargo Sózio, presentes: Walter Simm, médico dono de Hospital na
cidade de Horizontina, Miguel Arzevenko e Basílio Klovis; descendentes russo,
agricultor da localidade de lajeado pratos;
Pedro Sapieginski, descendente lituânio, agricultor da localidade de
Escola Branca; Máximo Milnitchuk, descendente russo, agricultor de Lajeado Esquecido.
Também
participavam de reuniões o advogado Darci Hon Holtz de Santo Ângelo; Noli Hioner, advogado de
Santa Rosa; Flori de Aguiar, metalúrgico
e sindicalista de Santa Rosa, oriundo de Porto alegre e mais familiares
simpatizantes.
Agenda
da reunião era para analisar os acontecimentos mundiais, principalmente sobre a
2ª guerra mundial, visto os rumores que surgiam frequentemente e o rumo que os
comunistas deviam seguir pelas ameaças.
O
Eixo era Alemanha, Itália e Japão e tinham objetivos expansionistas, desenvolvendo a industrialização,
principalmente na área bélica, como aviões, navios e tanques de guerra.
De
outro lado, os Aliados sendo a Inglaterra, União Soviética e Estados Unidos.
Também potências.
O
assunto da 2ª guerra mundial estava na onda das notícias em todas as partes
sendo uma expectativa do futuro da humanidade.
A
guerra antes de acontecer já estava gerando tensões porque todos sabiam que o
conflito era entre duas potencias militar, com consequências sobre a vida das
famílias, de pessoas, pois a política exigia uma posição de ser contra ou a
favor, voltado ao uma ideologia da política partidária.
Os
países independentes começavam a se posicionar.
O
Brasil em janeiro de 1942, após um processo para unir todas as forças vivas da
Nação no combate ao nazi-fascismo e organizar as forças armadas brasileiras, o
presidente Getúlio Vargas rompeu com os países do Eixo e apoiou os Aliados.
Antônio Sózio participou
do Movimento da Legalidade em 1961
Em 25 de agosto de 1961, Jânio Quadros
renuncia ao cargo, enquanto João Goulart, vice-presidente, estava na China. O
Brasil viveu momentos de instabilidade desde 1954.
Os
militares, sob influência dos Estados Unidos, que temiam ver no Brasil na linha
esquerdista, como em Cuba, impediram o
João Goulart de assumir o cargo de vice, ameaçando derrubar o avião em que ele
voltava para o Brasil.
Brizola
entoava a legalidade constitucional. Legítimo representante do Movimento da
Legalidade, pela posse de João Goulart.
As
paixões do passado distante, na época, o senhor Antônio Camargo Sózio era
protagonista local, porque defendia valores de liberdade e patriotismo, ele
formou comitiva e foi até capital para solidarizar-se com o movimento e ajudar
no manifesto em favor dos ideais da liberdade política, pela democracia, que
teve mérito na época.
Era
autocrítico o sr. Antônio Sózio em seu discurso, dizia: “tenho fé que a igualdade das classes sociais acontecem só com uma revolução, feita de baixo para
cima, que não exclua ninguém, para
acabar com a pobreza e desigualdade no Brasil”.
O refúgio foi uma necessidade pela segurança
diante da ditadura militar
O
golpe militar de 1964 implantou a condição brasileira à submissão da política americana,
cedendo ao imperialismo o controle econômico;
mantendo política interna sob a censura dos meios de comunicação,
cortando a expressão cultural do povo, pela imposição ideológica alienante sob
o autoritarismo.
Os
partidos políticos, os sindicatos, entidades estudantis, camponeses, operários
e todo cidadão que discordasse da política do governo militar eram reprimidos
com violência de seu papel social, mesmo que fosse de interesse do povo.
Os
comunistas eram vistos pelo militares como terroristas, ateus, homens malditos.
O
Senhor Antônio Sózio assistia notícias pelo rádio onde os movimentos ocultos e
conspirações estavam no ar, desde o início da década de 60.
Em
1964 havia uma temperatura efervescente nos meios políticos com participação
direta dos militares.
No
final de março ele sentia que os militares decidiram tomar o poder
definitivamente. Quando ocorreu o golpe ele aguardava em casa, em atenção aos
acontecimentos pensando o que poderia acontecer imaginando um processo
repressivo.
No
dia 1º de abril, mais ou menos, às 15 horas da tarde chegou a sua residência um
automóvel com três homens, companheiros, não conhecidos e desembarcaram do
carro; um chamou o Senhor Antônio em particular e disse: “saia em fuga urgente
para evitar sua morte, porque no caso de tortura para evitar a denúncia de
companheiros e ambos naquele momento
advertiram “salve-se”, e se retiraram apressadamente.
O
senhor Antônio conferenciou com familiares,
arrumou sua mala com roupas e documentos e saiu em fuga ao anoitecer
acompanhado de José Flores da Rosa (cunhado).
Antônio
e José saíram em caminhada a pé desviando postos policiais e vilas,
atravessando lavouras, beirando matas até chegar ao amanhecer no Rio Uruguai,
mais ou menos, 40 quilômetros de distância, fronteira divisória de território
Brasil/Argentina.
Não
havia transporte para travessia do grande rio, mas finalmente dois meninos com
um pequeno barquinho deram passagem, mesmo que perigosa.
Eles
continuaram o caminho no interior da Província de Missiones, localidade de
Capim Largo até a residência de um parente José Pereira da Rosa (sogro de
Antônio).
Prosseguiram
adiante por sentir perigo de busca e
apreensão, saindo das proximidades de fronteira, chegaram até
Km 10, uma localidade de Missiones, na
casa de Amantino Martins (sobrinho) permaneceram algum tempo para tentar
contato com familiares no Brasil por meio de agentes secretos.
Depois
de passar 20 dias foi enviado um mensageiro até ao Brasil para levar e receber
notícias de familiares.
Visitas de policiais era
sempre à noite
O
senhor Antônio Sózio saiu em fuga ao anoitecer do dia 1º de abril, e poucas
horas depois de sua saída, antes da meia
noite dois camburões descarregou um exercito de policiais diante de sua
residência, que entraram dentro de casa sem licença e foram vasculhando quartos
móveis e cantos da casa aos trambolhões e desrespeito, perguntando para uma e
outra pessoa da casa: “onde estão as
armas” .
Ao
entrevistarem a Senhora Lucila, esposa de Antônio de modo estúpido e grosseiro
sobre, armas, guerrilha e companheiros, ela sofreu uma paralisação motora
caindo diante do militar que interrogava.
Ao
redor da casa e galpões também foram revistados deixando sinais de estripulia no
local. Era
uma invasão da privacidade da família com tratamento despótico, violento e
humilhante. A
residência foi remexida revirada de
forma prepotente usando o abuso do poder da autoridade com armas militares,
ameaçando de modo ingrato e tirano, com verdadeiro desrespeito para com a
família, esposa e filhos ali presentes.
Os
próprios militares divulgavam boatos que
Antônio Camargo Sózio estava chefiando grupo de milícia de companheiros contra
o governo. Eles
perguntavam: - onde está o subversivo? Está escondido. Com insistência queriam
saber informações sobre o grupo guerrilheiro, nomes e locais.
Postura
arbitrária pela prática autoritária dos maus tratos injustos e cruéis pela
humilhação dos cidadãos trabalhadores de bem, que se encontravam quietos em seu
lar.
As
visitas se sucederam seguidamente com militares diferentes, mas usando a mesma
prepotência procedendo a uma invasão
domiciliar desvairada e criminosa, entravam e saíam como se fossem demolir o
soalho com as botinas pesadas, além de arrancar e quebrar móveis e utensílios
procurando o que não existia.
Depois
a família sofria a indiferença social, como se tivesse sido contaminado por uma
doença contagiosa. As
pessoas afastavam-se, evitavam o relacionamento com a família, com olhares
diferentes, dando a impressão de que eram cúmplices de alguma coisa.
Todos
sabiam que Antônio Sózio e sua família sempre foram humildes e participantes na
vida comunitária, mas a repressão fazia as pessoas temerem. Poucos prestavam
apoio e solidariedade.
Na
época havia uma inteligência iluminada, não se sabe como e quem, mas antes de
cada visita dos militares, a família era avisada. Duas famílias se agrupavam
(genro) concentrando na casa do Senhor Antônio, para se ajudarem durante as
invasões dos militares.
O mensageiro
O
mensageiro da Argentina no Brasil se informou sobre os acontecimentos e soube
que policiais da Brigada Militar estiveram no porto do Rio Uruguai na fronteira
com a Argentina solicitando informações sobre Antônio Camargo Sózio; justamente onde ele passou de canoa, o grande
rio Uruguai, no amanhecer do dia 02 de abril de 1964. Ouviu a seguinte frase,
dito por um militar: “o sujeito é subversivo, mas muito esperto”.
Na
Província de Missiones, o senhor Antônio Sózio procurou amizade com a
vizinhança e com autoridades da Gendarmaria, como trabalhador de bem, que
sempre foi e foi visto assim.
Antônio
preocupado com a família sabendo da tortura repressiva, punição desumana que
estava acontecendo, políticos que eram contra a ditadura não tinha alternativa,
era ir para o exílio ou fuga para ter vida,
mesmo que na clandestinidade, acertou um negócio de troca de
propriedades para a família ir para Missiones.
Entregou
uma propriedade legalizada por um direito para acomodar sua família, com enorme
prejuízo financeiro; o deslocamento da família
também ocorreu discretamente em fuga,
no mês de agosto de 1964.
Na
Argentina, o senhor Antônio pode recomeçar a vida, sempre alerto, produzindo alimentos e produtos comerciais da
região pela sobrevivência, em pouco tempo reconstruiu seu "habitat"
para viver com dignidade.
O
senhor Antônio sempre atento e estabelecendo boa amizade com a comunidade e
autoridades de Missiones evitou sua prisão, porque foi avisado do pedido de
busca brasileira, mas não se consumou.
Socialista nato pela educação
Na
localidade do Km 10, na Argentina, o senhor Antônio liderou os habitantes e
assumiu como presidente da Comissão junto às pessoas interessadas para criação
de uma escola.
Com
líderes comunitários foram até as autoridades educacionais, onde conseguiram a
construção do prédio escolar e professores para uma clientela de mais de 100
alunos.
Placa de reconhecimento na Argentina durante
seu tempo no refúgio
A
escola recebeu o nome de "Flor da Serra"; hoje é a denominação da
vila. Do mesmo modo, o time de futebol também se denomina de "Flor da
Serra".
O
Senhor Antônio foi o presidente da Comissão pela criação da escola, depois de construída e criada a Associação
Escolar foi o tesoureiro conforme placa de honra, documento fornecido pelo
poder público de Soberbo, Missiones, Argentina.
Anistia
Lei da anistia foi promulgada pelo presidente
Figueiredo em de 28 de agosto de 1979, durante a ditadura militar, que concedeu
em resumo: Foi concedida anistia a todos de /61 a 79, que
cometeram crimes políticos e perderam seus direitos políticos.
Em
1979, o senhor Antônio ao saber da anistia aos políticos brasileiros apertou
mais seu coração, que não cansava de dizer: “Eu não quero morrer antes de pisar
em terras do meu Brasil”.
Morando em Ijuí com seus familiares...
Com
um neto (Hélio Sózio Witcel) na cidade de Ijuí/RS, vendeu e doou o que tinha
adquirido na Argentina e voltou ao Brasil vindo residir na cidade de Ijuí.
Na
cidade de Ijuí com todos familiares próximos teve um herdeiro da política, seu
neto Cesário Sózio Vitcel, que ainda moço concorreu para Câmara de Vereadores,
foi assessor do deputado estadual do PT, Elvino José Bohn Gass, seguidor dos
ideais do avô, com um futuro promissor brilhante.Porém, em dezembro de 2011,
sofreu um acidente, deixando a vida, partindo para a eternidade.
Em
1988, Antônio Camargo Sózio, um militante do PC do B encerrou o seu tempo de vida e passou para os registros como
imortal na história do seu tempo.
Referências
bibliográficas
- VITCEL, Leonor Pereira Sózio, (1937) filha de Antônio Camargo Sózio e de Lucila
Pereira da Rosa, casada com João Zama Vitcel, (1933 – 2003) ele brasileiro, descendente
de alemão e italiano. Seus filhos são: Marlene, Hélio, Sérgio, Cesário e
Marlise. Residente na cidade de Ijuí. Desde jovem Leonor atuava politicamente
nos meios sociais ao lado do pai.
Observações: Leonor foi a confidente fornecendo as
informações e dados sobre a vida política de seu pai, Antônio Camargo Sózio.
-
Teobaldo Branco foi o pesquisador e
produtor deste artigo/documentário.
Comentários pós
publicação do artigo no Portal Ijuí.Com:
De Leonor Pereira Sózio Vitcel - Ijuí, enviado no dia 17 de setembro de
2013:
"Eu, Leonor Pereira
Sózio Vitcel, nascida em 09 de janeiro de 1937, filha de Antônio Camargo Sózio,
nascido em 20 de fevereiro de 1909 e falecido em 26 de outubro de 1988, venho
por meio deste, em primeiro lugar, dizer que não existe palavra que possa agradecer
tão lindo documentário feito por um grande amigo e admirável escritor Teobaldo
Branco, com as mais verdadeiras palavras ou frases que se pode contar a
história de vida de uma pessoa que sempre lutou em favor da igualdade e bem
estar da humanidade.
|
Leonor se manifestando num congresso de agricultores em Porto
Alegre. |
Em segundo lugar, dizer
que o senhor Antônio Camargo Sózio foi meu pai, meu líder, meu herói e sempre
minha estrela guia, pois desde meus 3 anos de idade eu lembro que ele já me
ensinava o verdadeiro valor da vida material e espiritual, de onde viemos e
para onde vamos e como temos que proceder.
Sempre me ensinou a
verdadeira lei do amor, da caridade e do perdão, mas também me ensinou a lutar
por tudo o que é justo.
Eu sempre fui muito
apegada com meus pais, só fiquei distante do meu pai no dia 1º de abril de 1964
até dezembro do mesmo ano, onde nos reencontramos num país vizinho, e 15 anos
depois, retornamos juntos para a nossa pátria querida que nos viu nascer.
Nunca podemos esquecer
que para saber o nosso futuro temos que ler o nosso passado.
Quero agradecer com mais
de mil palavras a Teobaldo Branco".
Leonor
Pereira Sózio Vitcel - Ijuí
Comentário
de Lucineide Trampusch. de Ijuí, enviado no dia 02 de setembro de 2013:
"Foi um homem
lutador querendo ver um Brasil um país melhor, com igualdade e humanitário,
favorecendo a classe pobre em condições melhores como educação, saúde, um
salário digno, moradia digna.
Lutou, não se acovardou.
Mas, enfim, teve que
deixar o Brasil por causa de seus filhos e sua esposa.
E deixou como exemplo
que devemos lutar, ir à frente, para termos um Brasil melhor, sem corrupção.
Então, Vô Antoninho e vó
Lucila, TEMOS QUE LUTAR E IR À FRENTE, perder jamais a esperança.
Seu neto Jaime Sózio
Trampusch e as filhas que são suas bisnetas ficam muito gratos e por ter um
bisavô e bisavó que foram grandes guerreiros na história brasileira.
É verdade, primo Ivonei, as idéias nunca morrem".
Ivonei
Sózio de Chapecó, SC, enviado no dia
29 de agosto de 2013:
"Homens podem ser
passageiros, porém ideais nunca morrem".
Uma grande história
real!
Parabéns ao escritor
Teobaldo Branco por recuperar essa história, por não deixar ela se perder com o
tempo, por reviver um sentimento que nunca deve morrer na alma das pessoas, por
mostrar quais são os verdadeiros objetivos a serem perseguidos.
Um grande exemplo para
todos os jovens e descendentes, uma pena eu não poder ter vivido na época de
meu avô.
Porém, tive o prazer de
viver 21 anos na presença de sua mulher, Lúcila, minha avó. Essa história de
vida e luta é uma prova de que a luta nunca pode parar, de que o sonho deve ser
perseguido incessantemente.
Quem dera os jovens
cultuassem mais pessoas assim, quem dera se espelhassem e quisessem ser
parecidos com bons e verdadeiros exemplos, ao invés das tão vazias e sem conteúdo
subcelebridades instantâneas produzidas pela mídia.
Ler histórias como essas
do passados nos mostra que estamos no caminho certo no presente, para criar um
futuro melhor.
E que homens podem ser
passageiros, porém ideais nunca morrem".