segunda-feira, 3 de julho de 2023

A Colônia de Ijuhy foi chamada e considerada a “Babel do Novo Mundo”!

 

Colônia de Ijuí em 1902, na rua do Comércio, na altura onde hoje passa os trilhos da rede ferroviária...

A Colônia de Ijuhy é considerada o primeiro projeto de colonização planejada e organizada da Primeira República. O governo do Brasil decidiu fazer um modelo diferente de povoação, não como era anteriormente na qual juntavam famílias imigrantes italianas ou alemãs e no máximo mais uma etnia, num só local, mas sim a nova proposta era reunir na nova colônia famílias vindas de locais diversificados, ou seja, de diversos países e língua. 

Tal fato aconteceu e saiu do papel oficialmente no dia 19 de outubro de 1890, com a implantação da “Colônia de Ijuí”, entre as terras de Cruz Alta e Santo Ângelo. Uma região de mata densa e fechada, no noroeste gaúcho. Ela, mais tarde foi chamada de “Babel do Novo Mundo” por um sacerdote católico polonês, Padre Antoni Cuber, em alusão a presença de habitantes oriundos de diversos locais do mundo. Num artigo do padre Antoni Cuber, publicado em polonês no “Kalendarz Polski”, de 1898, o mesmo nos informa que já naquela época havia no município cerca de 19 nacionalidades: “[...] pois este é o número de idiomas que se ouvem por aqui. Até parece a “Babel do novo mundo”... 

Pesquisas realizadas, nos tempos atuais, se constatou que no total, e no decorrer das primeiras décadas da Colônia aqui se estabeleceram no município mais de 40 etnias.

Os primeiros colonos aqui chegados se instalaram em lotes rurais de 25 hectares para cada família, fornecidos pelo governo Estadual do Rio Grande do Sul, que ficou responsável pela implantação e administração da Colônia. Os mesmos, em sua maioria eram constituídos de pequenos agricultores vindos da Europa, ou descendentes. Também estavam presentes, nesses passos iniciais de ocupação das novas terras alguns habitantes de origem indígena, africana e portuguesa que já ocupavam a região antes da criação oficial do núcleo colonial.

Portanto, segundo o professor do curso de história da UNIJUÍ, Paulo Afonso Zarth, “a presença de imigrantes de diversas procedências foi uma política deliberada do governo para evitar “quistos étnicos”, expressão utilizada para se referir aos núcleos coloniais criados anteriormente, com hegemonia de um único grupo étnico”.

VOCÊ SABIA:

  • LOCALIDADES ONDE SE FIXARAM ALGUNS GRUPOS DE IMIGRANTES: Espanhóis no Itaí; Poloneses no Povoado Santana; Letos no Distrito de Floresta; Austríaco fundaram o Rincão dos Austríacos na Linha 6 Leste, Letos no Distrito de Floresta; Italianos no Barreiro.
  • PRIMEIRO CHEFE DA COMISSÃO DE TERRAS DA COLÔNIA: O início da colonização de Ijuí foi orientado e coordenado pelo engenheiro José Manuel da Siqueira Couto, vindo de Silveira Martins, então Distrito de Santa Maria, onde já era chefe da Comissão de Terras local.

REFERÊNCIA: 
CUBER, Antoni. Nas margens do Uruguai. Ijuí: editora da UNIJUÍ. 2002. (Original polonês publicado no Kalendarz Polski, Porto Alegre. 1898.) Tradução de Edmundo Gardolinski.

ZARTH, Paulo Afonso. A “Babel do Novo Mundo”: história das relações étnico culturais através da imprensa de Ijuí, Brasil. Cultura Escolar Migrações e Cidadania ¬ Actas do VII Congresso LUSO¬BRASILEIRO de História da Educação. Dias 20 a¬ 23 Junho 2008, Porto: Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação (Universidade do Porto). Disponível em: https://pt.scribd.com/document/411706279/A-Babel-Do-Novo-Mundo-A-Historia-Das-Relacoes-Etnico-Culturais-Atraves-Da-Imprensa-de-Ijui#


domingo, 2 de julho de 2023

A primeira energia elétrica de Ijuí era movida a locomóvel!

 

Na foto acima (em 1999, recém reformado), um Locomóvel importado da Europa e que foi muito usado pelos primeiros imigrantes, também de Ijuí para produzir energia elétrica. Era a única forma de gerar luz, energia, para o funcionamento de engenhos de cana, alambiques, olarias, serrarias, etc... Tinha um potencial de 8 HP, movido a vapor. 

No site do Departamento Municipal de Energia de Ijuí - DEMEI (https://www.demei.com.br/pagina/view/3) temos o registro de que em outros tempos, quando a praticidade da luz elétrica não fazia parte do cotidiano dos ijuienses, as formas de obtenção de energia eram rudimentares e não supriam a demanda que crescia rapidamente. Singelas lamparinas e lampiões, a energia movida por animais e a energia hidráulica, não eram mais suficientes à crescente industrialização de nosso município. A seguir transcrição do site do DEMEI:

“Com a emancipação da cidade em 1912 e a ampliação da estrada ferroviária, o desenvolvimento era flagrante e, para acompanhá-lo, fazia-se imprescindível o uso da energia elétrica, mas enquanto ela não chegava, a luz que era oferecida à comunidade provinha de um ‘Locomóvel’, uma máquina a vapor sobre rodas. Esta iluminação iniciava ao escurecer e terminava à meia-noite. Aos notívagos, restava recuperar as lamparinas e lampiões...

Esse Locomóvel (da foto) da marca Heinrich Lanz, foi doado por Carlos Fricke e Ari Weiler, sócios da empresa Aço e Ferros Colméia Ltda. Foi reformado em 1999 pela firma Fösch & Cia. Ltda, e hoje está exposto – infelizmente malconservado - no museu localizado na Usina Velha, como um testemunho vivo de como se produzia energia elétrica no início do século passado”.

VOCÊ SABIA QUE: 

A PRIMEIRA AGÊNCIA CHEVROLET DE IJUÍ funcionava como outra empresa anexa à Casa Dico, administrada pelo filho do Cel. Dico, João Dico. A Agência de revenda, loja de peças e assessórios ficava em diagonal a Casa Dico. Ou seja, na esquina das ruas 7 de Setembro, com a rua do Comércio, onde mais tarde existia a Farmácia do “Cinco”. No prédio construído, por volta de 1925-1927, no dia 4 de julho de 1927, aconteceu uma grande exposição de automóveis em Ijuí que assinalou festivamente a inauguração do prédio com as novas instalações da agência Chevrolet, na cidade de Ijuí.

sábado, 1 de julho de 2023

A etimologia da palavra “Ijuhy” na língua Guarany

 A etimologia da palavra Ijuhy tem sua origem e uso indígena, na língua Guarany, com um ou mais significados interessantes. Fato esse que nos remete aos primeiros habitantes das terras onde mais tarde seria criada a Colônia de Ijuhy, mas também por extensão a região do Planalto Médio, Missões e Alto Uruguai...

Seu significado representa sua geografia originária, rodeada de matas e rios. Primeiramente Ijuí era escrito com a letra Y, que em guarani significa rio. Já a sílaba ‘ju’ corresponde a algo divino, celeste, pleno, completo. Houve muitas mudanças até chegar ao nome atualmente conhecido. Também é fato histórico que o nome da “nova Colônia” foi definido com base na denominação de um dos afluentes do rio Uruguai, chamado de “Ijuí”.  Inicialmente, o rio, na língua indígena, era conhecido como “rio dos Espinhos”. A forma atual somente foi definida depois que Cruz Alta se emancipou, em 1834. A partir daí, Ijuí tornou-se um Distrito, o 5º da vizinha cidade. O crescimento rápido da Colônia permitiu que ela se tornasse um município em 21 de janeiro de 1912. Homologado no dia 31 do mesmo mês, em ato solene nas dependências do Clube Ijuí...

O professor e historiador Danilo Lazzarotto em seu livro sobre a ‘História de Ijuí”, (MADP, Editora UNIJUÍ, 2002, p. 13) diz o seguinte: 

“O nome Ijuhy, ao rio, foi dado pelos índios guaranis e conservado pelos missioneiros. O seu significado varia conforme a grafia que se lhe dá. Escrevendo ‘Ïhjui’ entende-se ‘rio das rãs’, talvez o significado original; ‘Juhy’ significaria ‘rio dos espinhos’; ‘Jujuhy’, ‘rio dos pintassilgos’; mas ‘Ijuhy”, a grafia que aparece em todos os documentos até a década de 1940, só pode significar ‘rio das águas divinas’ (nobres, plenas, áureas) ou ‘rio da abelha divina’ (sincope de ‘ei’ [abelha em ‘i´, como acontece em ‘Iraí’)”. Danilo ressalta também que os “índios denominavam o rio de ‘Yjuhy Guaçu’ (Ijuí Grande) daí que se poderia dizer ‘rio das águas grandes’, mas não se derivaria do termo ‘Yjuhy”.

VOCÊ SABIA QUE: A casa antiga que ainda existe na rua Venâncio Aires, após o cruzamento com José Bonifácio, perto da antiga rodoviária e da filial do também antigo supermercado Schneider, era da Família Hintz. Nela moravam “três irmãs”...

PARTICIPE DO IJUHY de ANTIGAMENTE via WHAT´s e receba diariamente uma postagem exclusiva. Faça sua assinatura pelo whats/PIX: (47) 99786-3115. Assinatura semestral: R$ 35,00 e ANUAL: R$ 60,00. 


sexta-feira, 30 de junho de 2023

A Comunidade Evangélica é a mais antiga congregação religiosa da então Colônia de Ijuhy


Foi fundada em 19 de janeiro de 1895, em Assembleia Geral, com 220 pessoas presentes.
Denominada inicialmente como "Comunidade Evangélico - Alemã", sendo essa a língua oficial da época.
Por ocasião do "Estado Novo" se processou a Nacionalização de organizações de língua estrangeira, e com isso a Comunidade passou a denominar-se "Comunidade Evangélica de Ijuí".
O pastor Hermann Rosenfeld que exerceu a função por 9 anos, na Comunidade, deixou marcas indeléveis, tanto na história do Município, quanto na Comunidade Evangélica.
Rosenfeld fundou a Escola Paroquial Evangélica, hoje atual "Colégio Evangélico Augusto Pestana", e também o lançamento da Pedra Angular e início da construção da "Igreja da Cruz".
O lançamento da pedra fundamental da Igreja foi em 07 de janeiro de 1909, plano de construção previa que o estilo seria semelhante levemente ao gótico, em forma de cruz, daí o nome "Igreja da Cruz", hoje também conhecida como" Igreja do Relógio".
A Igreja levou 5 anos para ser construída, sendo que a inauguração foi em 08 de maio de 1914. Portanto, em 2023, completou 109 anos.
Muitos recursos financeiros para construção vieram da Alemanha, da Sociedade Gustavo Adolfo, de Berlim.
Na época, era presidente da Comunidade o Sr. Albino Brendler e também o responsável pela Comissão de Construção.
No término da primeira guerra mundial, efeitos devastadores e lamentáveis na Alemanha e extrema penúria em toda Europa central, despertou no Brasil sentimento de profunda compaixão, e a Comunidade enviou ajuda prática "do Amor ao Próximo". Sendo assim, enviados à Alemanha somas em dinheiro, alimentos e vestuário, arrecadados entre os membros.
Ainda hoje, existe algo em Ijuí que nos lembra aquele período amargo de privações na Alemanha.
É o relógio da torre da Igreja da Cruz, que, por ocasião da queda estonteante da moeda alemã, foi possível, em 1921, adquirir da Alemanha por um preço mínimo, um sólido e duradouro relógio de torre, de primeira qualidade e transportá-lo à Ijuí, onde foi montado e posto em funcionamento em janeiro de 1922, sendo que o mesmo está funcionando até hoje em perfeitas condições.

TEXTO E VÍDEO ESPECIAL PARA O Grupo IJUHY de ANTIGAMENTE de EZÉ CAVALHEIRO.

Luiz Henrique Bergel do canal o "TempoTodo" entrevista o professor Leopoldo Schonardie Filho, com longa trajetória no ensino e na educação física de Ijuí


Luiz Henrique Bergel do canal "TEMPO TODO" entrevistou, no dia 27/07/2023, o sempre professor da Unijuí, Leopoldo Schonardie Filho. A longa trajetória também em escolas de Ensino Médio, estudos permanentes e modalidades praticadas são assunto na conversa da semana. O tempo de ginástica na Sogi está na pauta, assim como a infância e o início cedo no trabalho.

domingo, 18 de junho de 2023

Antigo prédio ABANDONADO, na rua 19 de Outubro, em Ijuí, onde acontecia os ensaios da Banda "Os Rebeldes"....


Este prédio está localizado na rua 12 de Outubro, em frente ao Colégio das Irmãs, área central da cidade de Ijuí, RS. Nele aconteciam, nos anos 70, os ensaios da Banda "Os Rebeldes".

sexta-feira, 16 de junho de 2023

Ijuhy da delicadeza das sedas ao tiro de um 38! Uma história real e tragicômica. Histórias do IJUHY DE ANTIGAMENTE - (1949)


 Texto e colaboração de Luiz Carlos Sanfelice

Vá no Google Maps e se não tens como, podes passar lá pessoalmente e ver na esquina da rua 7 de setembro com a rua 20 de setembro, na beira da calçada, uma velha casa cor-de-rosa, antiga no estilo e na existência, decadente, praticamente no centro da cidade de Ijuí, RS, eivada de histórias, inclusive desta que vou contar.

Que eu saiba e tenho na memória, em 1946 morava nessa casa o Sr. Vitorino Marin com sua esposa dona Cecília Lucchese Marin, filha do Fermino Lucchese e pais do conhecido Décio Régis Lucchese Marin, que foi formando da 1ª turma do Científico do CEAP (1958), junto com a Gerda Gressler, o Hervigo Costa, Hedio Heinen e outros. Ele depois foi Gerente do Banrisul e mora, hoje, aposentado, em Osório. Eram pais, também, da Denise, do Vinicius e do Enio Lucchese Marin.

Já em 1948/49 morou nessa casa o Sr. Pedro Kossa e sua esposa Maria Sanfelice Kossa, que morando e tendo comércio em Castro no Paraná, para cá vieram acompanhando seu único filho Oswaldo que deveria cumprir o Serviço Militar. Tendo servido o Exército a família voltou para Castro e ao mesmo negócio. Depois que Pedro Kossa foi embora, comprou e habitou essa casa a família de Anael Viecilli, que poucos lembram, mas ele e o Fiorindo Fantinelli eram donos do Cine Serrano e do Cine América.

Depois disso, quando a família do Anael Viecilli deixou a casa nunca mais eu soube de nada. Mas a nossa história se dá, justamente, quando Pedro Kossa ali morava.

Em Castro, Pedro tinha uma Loja que só vendia Seda, a metro. Aqui chegando instalou nessa dita casa uma loja a que deu o nome de “Casa das Sedas” (ela tinha uma porta – que foi fechada – que dava para a calçada). Os mais velhos em Ijuí talvez lembrem. Peças e mais peças de tecido de seda de tudo quanto é cor, ele tinha na Loja. As Senhoras de Ijuí e da região, adoraram. Na época não era comum. O negócio ia bem.

De certa feita, Pedro foi à Santos buscar cortes de seda, pois chegara uma importação e ele tinha que liberar os lotes. O filho no Quartel, arranchado como se dizia, Maria ficou sozinha em casa. Uma noite ela já tendo se recolhido, começou ouvir pequenos ruídos estranhos na loja, depois no escritório, gavetas abrindo, portas do birô sendo abertas. Maria levantou-se, vestida com camisola branca, longa, abriu o guarda-roupas, pegou o revólver >38 que lá guardava e ficou ali em pé, no escuro, de arma na mão, virada para a porta do quarto, esperando...

E era um ladrão... não demorou e o cara abriu a porta do quarto e na obscuridade deu de cara com o vulto daquele “fantasma” e, antes que se desse conta, ...pum... recebe um tiro nos pés...

Não dá nem para imaginar o susto e a correria louca desse cara em direção ao escuro da rua... e sumiu. Se as tábuas do assoalho não foram trocadas, ainda deve estar lá o furo da bala no chão, que atravessou o chão, e foi parar na cozinha, que era na parte de baixo.

Eu sei e conheço esta história em detalhes pois que essa ‘dona’ Maria, esposa do Pedro Kossa, era irmã mais velha do meu pai e, pois, minha tia. (Que aliás era um doce de mulher - sem o .38 na mão - a quem eu queria muito bem). Na época eu tinha 9 anos. Então, agora quando você passar por essa esquina, vai olhar e lembrar que nessa velha casa, um dia um folgado fez acontecer aquilo que se diz quando um cara se dá mal: “deu um tiro no pé”. Esse “NÃO DEU” um tiro no pé, esse “LEVOU” um tiro no pé. De graça.

Luiz Carlos Sanfelice – Porto Alegre, junho de 2023. Colaborador do Grupo IJUHY de ANTIGAMENTE.

quinta-feira, 1 de junho de 2023

SE VOCÊ QUER e PODE NOS AJUDAR PRECISAMOS DE SUA AJUDA PARA AMPLIAR O PROJETO IJUÍ - MEMÓRIA VIRTUAL


SE VOCÊ QUER e PODE NOS AJUDAR nós PRECISAMOS DE SUA AJUDA PARA QUALIFICAR E AMPLIAR O PROJETO IJUÍ - MEMÓRIA VIRTUAL. O resgate e o compartilhamento nas redes sociais da linda e rica história do IJUHY de ANTIGAMENTE!

Nosso PIX/WHATS: 47 99786-3115

Compartilhe esse vídeo nas suas redes sociais. Agradecemos desde já por todo apoio e ajuda.


sábado, 11 de março de 2023

segunda-feira, 6 de março de 2023