Marli M. Siekierski
Texto publicado originalmente no
site do Portal Ijuí.Com, dia 02/10/2012. Disponível em:
http://www.ijui.com/especiais/artigos/40136-folclore-etnia-afro-basileiros
A etnia afro-brasileira integra o movimento
étnico de Ijuí desde 1987. Este grupo étnico tem mostrado de forma muito rica a
cultura do país de origem dos antepassados vindos do além mar.
Quem tiver o prazer de visitar a
casa do Grupo Cultural Herdeiros de Zumbi encontra em cada olhar um toque, um
detalhe da cultura deste povo.
São pinturas nos pilares,
entalhes, bonecos, objetos de decoração, pessoas vestidas tipicamente.
O cuidado no preparo de pratos da
culinária africana, as danças e encenações apresentadas pelos grupos
folclóricos, assim como a música tocada nos bailes da casa.
A riqueza cultural deste povo a
sua história é apresentada aos leitores neste artigo.
A pesquisa é de Queli Barreto,
coordenadora cultural e coreógrafa do grupo de danças.
GRUPO CULTURAL HERDEIROS DE ZUMBI
Com a Criação da Festa Nacional
das culturas Diversificadas, FENADI, em 1987, que reuniu diversas etnias para
se organizarem em entidades culturais, os descendentes afros, residentes em
Ijuí, aderiram ao movimento e iniciaram a sua mobilização para marcarem
presença no processo embrionário que surgira na Colméia do Trabalho.
As primeiras articulações
estiveram a cargo do Frei Genésio Pereira da Silva, o primeiro passo foi a
formação de uma comissão para organizar o grupo étnico e construir uma casa
típica.
Esta comissão foi constituída
pelos seguintes componentes: José Carlos Correa, Albino Pereira, Ana Maria dos Santos e Jorge Madruga.
Foram encontradas muitas
dificuldades para a escolha de um nome adequado ao grupo, mas, após várias
sugestões, recaiu para GRUPO CULTURAL HERDEIROS DE ZUMBI.
A data de fundação foi
estabelecida no dia 20 de novembro de 1987, dia Nacional da Consciência Negra,
por coincidir com a morte de Zumbi, o maior líder do quilombo dos Palmares, que
lutou contra a escravidão.
Neste mesmo dia foi realizado um
ato festivo e cultural com a projeção de filmes seguido de debates, destacando
a importância do Dia Nacional da Consciência Negra no Brasil.
Este trabalho já estava engajado
dentro das finalidades do grupo, de estudar suas origens, o tratamento recebido
pelos negros no Brasil, seus hábitos, danças e costumes assim como sua
contribuição na formação do povo brasileiro.
Religião: Terreira de Mãe Oxum,
símbolo do amor, do carinho e da riqueza, com suas oferendas, preferida dos
escravos. Para exercer o primeiro mandato foi escolhido o Professor José Carlos
Corrêa, no período de 1987/88, quando foram cadastradas mais de 100 pessoas
entre crianças e adultos, descendentes de afros.
Este grupo tem sua casa típica no
parque denominada “Lar Maria Augusta” estilo da região de Dacar (Senegal), e
foi inaugurada em outubro de 1987, e em outubro de 1995 foi inaugurado o
pavilhão anexo a casa.
A beleza das cores do traje
típico parece refletir os sabores fortes da culinária de origem africana, já
incorporada ao gosto brasileiro, Frango, Azeite-de-dendê e bastante tempero no
amalá ( carne de peito de galinha, pirão de farinha de mandioca), galinha ao
caldo de mancara, vaca atolada, suflê de milho, peixe frito, moqueca de peixe,
alho e pimenta malagueta.
Os sabores fortes da feijoada, do bobó de
camarão e do vatapá (camarão de filé de peixe) já estão agregadas à culinária
brasileira.
Depois, ambrosia, quindão, cocada
e doce de banana.
A dança afro é mostrada através
do GRUPO DE DANÇA CHARME DA LIBERDADE e ZUMBI ERÊ, cuja harmonia e o calor das
batidas dos mais diversos instrumentos
musicais mexem com o sangue, pois a raça da batida e do molejo corre nas veias
dos seus descendentes.
O GRUPO CULTURAL HERDEIROS DE
ZUMBI mantêm contatos e convênios com entidades estaduais, federais e
internacionais como, por exemplo, o Conselho de Participação de Desenvolvimento
da Comunidade Negra no Rio Grande do Sul, o Instituto Sócio-Econômico e
Cultural “Carlos Santos” de Porto Alegre; INDESP – Instituto Nacional de
Cultura e Desporto de Brasília, e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
da África.
Com isso o Grupo objetiva ampliar
conhecimentos e buscar recursos e experiências para garantir uma melhor
divulgação da cultura de seu povo.
Diretoria atual:
Presidente: Wilmar Costa da Rosa
Vice Presidente: 1- Ademar
Ferreira Barreto; 2-Darcy Prado da Rosa
1º Secretario: Carlos Figueira
2ª Secretaria: Juliana Barreto
1º Tesoureira: Queli Cogo Barreto
2ª Tesoureiro: Fabio Fin Krott
Diretora Cultural: Queli Cogo
Barreto
Diretor Patrimonial: José De
Oliveira
Conselho Fiscal: José Oliveira,
Cleusa Barreto,Verônica Vieira
Conselho Fiscal Suplente:
Terezinha Oliveira, Tere
Pessoas Envolvidas:
Grupo de Dança Charme da
Liberdade: 16
Grupo de Dança Zumbi Erê: 7
Diretoria: 10
CAPOEIRA
Ilustração: Capoeira or the Dance of War by Johann Moritz Rugendas, 1825. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Capoeira |
É brasileira, mas de raiz
cultural africana.
É dança? É jogo? É luta? É tudo
isso ao mesmo tempo? Parece que sim, e é isso que a torna tão complexa, tão
rica, tão surpreendente.
É luta "das mais violentas e
traiçoeiras", dissimulada, disfarçada em "brinquedo", jogo de
habilidade física, astúcia, beleza... e muita malícia!
A Capoeira é uma manifestação da
cultura popular brasileira que reúne características muito peculiares:
1. É um misto de luta–jogo–dança;
2. O ritmo e as características
do jogo são regidos pelo toque do berimbau, instrumento preponderante na
orquestra de capoeira (que inclui também o pandeiro, o atabaque, além do agogô,
o reco-reco, o adufe etc.)
3. Os cânticos (às vezes
acompanhados de palmas) também têm função importante na determinação do tipo de
jogo.
4. É um excepcional sistema de
autodefesa e treinamento físico, destacando-se entre as modalidades desportivas
por ser a única originariamente brasileira e fundamentada em nossas tradições
culturais.
O espaço em que se pratica a
capoeira é a roda, um círculo em torno do qual se sentam (ou apenas se agacham)
os praticantes.
Junto à entrada da roda ficam os
instrumentos, com o(s) berimbau(s) ao centro, comandando a roda. Todos os
participantes devem saber tocar os instrumentos, de modo que possam revezar-se
na função, permitindo assim que todos tenham sua vez de jogar.
As palmas são responsabilidade
daqueles que estão sentados assistindo, esperando sua vez de jogar,
acompanhando sempre o ritmo ditado pelo berimbau.
Todos devem responder em coro aos
versos cantados. Uma boa roda de capoeira acontece quando todos os envolvidos,
ainda que poucos estiverem participando com vontade, dando corpo ao
acompanhamento musical e aumentando assim a motivação daqueles que jogam.
A Capoeira é um complexo cultural
riquíssimo; quando nós, brasileiros, tivermos realmente deixado de ser os
“suicidas culturais” que por vezes ainda somos, e tivermos então aprendido a
dar o devido valor às mais genuínas criações de nossa própria cultura,
certamente a capoeira será considerada como um diamante dos mais cotados entre
os produtos culturais.
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