segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Série Etnias que colonizaram Ijuí: Alemães - Centro Cultural 25 de Julho de Ijuí



  Centro Cultural 25 de Julho

Marli M. Siekierski
 Texto publicado originalmente no site do Portal Ijuí.Com, dia 14/10/2012. Disponível em: http://www.ijui.com/especiais/artigos/40169-folclore-etnia-alema

Uma das características da etnia alemã é a música e a dança.
A alegria deste povo contagia a todos depois que o tradicional chope é servido juntamente com variado cardápio da cozinha alemã.

HISTÓRICO:
 Em 1987, concomitantemente, com a III Expo-Ijuí – Terceira Exposição – Feira Industrial, Comercial, Agropecuária e de Artesanato de Ijuí, realizou-se a I Fenadi – Festa Nacional das Culturas Diversificadas, que visou mostrar a organização dos grupos étnicos que formam a comunidade de Ijuí, a fim de resgatar, incentivar e dinamizar as manifestações artístico-culturais e tradições dos diferentes países, fortalecendo sua integração. Neste contexto, foi fundado, em 9 de maio de 1987, o Centro Cultural 25 de Julho Ijuí, que reúne famílias de descendência alemã e simpatizantes da cultura germânica.
Em 23 de julho de 1987 foi lançada a pedra fundamental da Casa de Cultura Alemã e sua inauguração festiva ocorreu em 17 de outubro de 1987, constituindo-se na  sede do Centro Cultural 25 de Julho Ijuí.
A Casa de Cultura Alemã, localiza-se no Parque Regional de Feiras e Exposições Wanderlei Agostinho Burmann, onde oferece aos visitantes variado cardápio de comidas típicas: Eisbein, Karrê, Bockwurst, Backhünchen, Schweinebraten, Rinderbraten, Sauerkraut, Dampfnudeln, entre outras, regadas pelo tradicional chopp gelado e ao som da agradável musica alemã.

O Centro Cultural 25 de julho tem por objetivos:

- Cultivar, propagar, difundir, preservar e pesquisar a história Riograndense e brasileira em todos os seus aspectos, com ênfase na etnia alemã, nas suas relações e origens teuto-brasileiras;
- Promover cursos, conferências e outras atividades de caráter cívico, artístico-cultural, social e desportivo, que tenham por finalidade reviver e cultivar as tradições legadas pelos antepassados de seus associados;
- Estimular a coleção e guarda de objetos e documentos, assim como, a preservação de monumentos e estilos arquitetônicos típicos da região, com finalidade de conservar estes valores para a posteridade;
- Manter intercâmbio cultural com sociedades congêneres.
O Centro Cultural 25 de Julho Ijuí desenvolve intensa atividade artístico-cultural em Ijuí, na região e no estado, tendo efetuado diversas apresentações em vários Estados do Brasil, cultuando e propagando a cultura, tradições e costumes típicos da etnia alemã,  nos aspectos da vestimenta, culinária, língua, música, canto, dança e memória.
Tres grupos de dança representam o Centro em suas apresentações, a saber:
Grupo de danças alemãs Frohe Jugend;
Grupo de danças alemãs Sonnenstrahlen;
Grupo de danças alemãs Enzian.

Manifestações culturais:

 - MASCOTE, em traje típico.

- BANDEIRA DA ALEMANHA, trazida por integrantes do Centro, em seus trajes típicos.

- EMBAIXATRIZ, em carro alegórico.

Centro Cultural 25 de Julho Ijuí nas palavras de seu presidente
Erlo Adolfo Endruweit

Dentro do espírito da I FENADI – Festa Nacional das Culturas Diversificadas, em Ijuí, que visou motivar e organizar os grupos étnicos que formam a comunidade de Ijuí e micro-região, realizou-se no dia 09 de maio de 1987, a primeira reunião dos descendentes alemães na Prefeitura Municipal de Ijuí, com a presença de 159 pessoas, com o objetivo de fundar o Centro Cultural 25 de Julho Ijuí.
Nesta oportunidade, foi formada uma comissão para fazer visitas às cidades de descendência alemã com o objetivo de colher subsídios em relação a arquitetura, alimentação, cultura e vestimentas alemãs. Após foi formada uma comissão para realizar visitas aos grupos do interior e cidades vizinhas a fim de movimentar os alemães e descendentes a se identificarem como um grupo social com vistas a recuperação de valores históricos com a arquitetura, alimentação, música, canto, objetos antigos, vestimentas típicas e festas típicas. Várias reuniões foram realizadas com o objetivo de motivar encontros de parentes e amigos e estimular a realização de encontros culturais.
Dentro deste objetivo construiu-se uma casa típica em estilo enxaimel no Parque Regional de Feiras e Exposições  “Wanderley Agostinho Burmann“, com mais de 1.500 m2 de área construída, que é denominada de “Casa de Cultura Alemã”, que é a sede do Centro Cultural.

 O Centro Cultural possui atualmente 04 grupos de danças, 02 grupos de canto, 02 grupos de música, além de um pequeno museu de objetos antigos dos imigrantes alemães. Diversos grupos de música e de danças da Alemanha, tem se apresentado em Ijuí e região, com o objetivo de fomentar a cultura alemã. Os grupos de danças, cantos e música possuem hoje uma ótima receptividade, em especial, entre os imigrantes alemães, que podem ver os seus filhos e netos vestidos tipicamente, dançando e cantando como antigamente, criando assim uma identificação com os descentes alemães.
O Centro Cultural 25 de Julho Ijuí, como entidade que representa os interesses da etnia alemã em nossa cidade e região, tem participado de todas as promoções beneficentes em que foi convidada a participar em benefício da comunidade ijuiense, regional e estadual sempre com muito brilhantismo.

Fonte: http://www.25brasil.com.br/entidades-congeneres/

sábado, 13 de outubro de 2012

Série Etnias que colonizaram Ijuí: AFROS - Grupo Cultural Herdeiros de Zumbi





Grupo Cultural Herdeiros de Zumbi
Site: http://www.expoijuifenadi.com.br/pagina-265-afros.fire

Marli M. Siekierski

Texto publicado originalmente no site do Portal Ijuí.Com, dia 02/10/2012. Disponível em: http://www.ijui.com/especiais/artigos/40136-folclore-etnia-afro-basileiros

 A etnia afro-brasileira integra o movimento étnico de Ijuí desde 1987. Este grupo étnico tem mostrado de forma muito rica a cultura do país de origem dos antepassados vindos do além mar.
Quem tiver o prazer de visitar a casa do Grupo Cultural Herdeiros de Zumbi encontra em cada olhar um toque, um detalhe da cultura deste povo.
São pinturas nos pilares, entalhes, bonecos, objetos de decoração, pessoas vestidas tipicamente.
O cuidado no preparo de pratos da culinária africana, as danças e encenações apresentadas pelos grupos folclóricos, assim como a música tocada nos bailes da casa.
A riqueza cultural deste povo a sua história é apresentada aos leitores neste artigo.
A pesquisa é de Queli Barreto, coordenadora cultural e coreógrafa do grupo de danças.

GRUPO CULTURAL HERDEIROS DE ZUMBI

Com a Criação da Festa Nacional das culturas Diversificadas, FENADI, em 1987, que reuniu diversas etnias para se organizarem em entidades culturais, os descendentes afros, residentes em Ijuí, aderiram ao movimento e iniciaram a sua mobilização para marcarem presença no processo embrionário que surgira na Colméia do Trabalho.
As primeiras articulações estiveram a cargo do Frei Genésio Pereira da Silva, o primeiro passo foi a formação de uma comissão para organizar o grupo étnico e construir uma casa típica.
Esta comissão foi constituída pelos seguintes componentes: José Carlos Correa, Albino Pereira, Ana Maria  dos Santos e Jorge Madruga.
Foram encontradas muitas dificuldades para a escolha de um nome adequado ao grupo, mas, após várias sugestões, recaiu para GRUPO CULTURAL HERDEIROS DE ZUMBI.
A data de fundação foi estabelecida no dia 20 de novembro de 1987, dia Nacional da Consciência Negra, por coincidir com a morte de Zumbi, o maior líder do quilombo dos Palmares, que lutou contra a escravidão.
Neste mesmo dia foi realizado um ato festivo e cultural com a projeção de filmes seguido de debates, destacando a importância do Dia Nacional da Consciência Negra no Brasil.
Este trabalho já estava engajado dentro das finalidades do grupo, de estudar suas origens, o tratamento recebido pelos negros no Brasil, seus hábitos, danças e costumes assim como sua contribuição na formação do povo brasileiro.
Religião: Terreira de Mãe Oxum, símbolo do amor, do carinho e da riqueza, com suas oferendas, preferida dos escravos. Para exercer o primeiro mandato foi escolhido o Professor José Carlos Corrêa, no período de 1987/88, quando foram cadastradas mais de 100 pessoas entre crianças e adultos, descendentes de afros.
 Este grupo tem sua casa típica no parque denominada “Lar Maria Augusta” estilo da região de Dacar (Senegal), e foi inaugurada em outubro de 1987, e em outubro de 1995 foi inaugurado o pavilhão anexo a casa.
A beleza das cores do traje típico parece refletir os sabores fortes da culinária de origem africana, já incorporada ao gosto brasileiro, Frango, Azeite-de-dendê e bastante tempero no amalá ( carne de peito de galinha, pirão de farinha de mandioca), galinha ao caldo de mancara, vaca atolada, suflê de milho, peixe frito, moqueca de peixe, alho e pimenta malagueta.
 Os sabores fortes da feijoada, do bobó de camarão e do vatapá (camarão de filé de peixe) já estão agregadas à culinária brasileira.
Depois, ambrosia, quindão, cocada e doce de banana.
A dança afro é mostrada através do GRUPO DE DANÇA CHARME DA LIBERDADE e ZUMBI ERÊ, cuja harmonia e o calor das batidas dos mais  diversos instrumentos musicais mexem com o sangue, pois a raça da batida e do molejo corre nas veias dos seus descendentes.

O GRUPO CULTURAL HERDEIROS DE ZUMBI mantêm contatos e convênios com entidades estaduais, federais e internacionais como, por exemplo, o Conselho de Participação de Desenvolvimento da Comunidade Negra no Rio Grande do Sul, o Instituto Sócio-Econômico e Cultural “Carlos Santos” de Porto Alegre; INDESP – Instituto Nacional de Cultura e Desporto de Brasília, e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas da África.
Com isso o Grupo objetiva ampliar conhecimentos e buscar recursos e experiências para garantir uma melhor divulgação da cultura de seu povo.

Diretoria atual:

Presidente: Wilmar Costa da Rosa
Vice Presidente: 1- Ademar Ferreira Barreto; 2-Darcy Prado da Rosa
1º Secretario: Carlos Figueira
2ª Secretaria: Juliana Barreto
1º Tesoureira: Queli Cogo Barreto
2ª Tesoureiro: Fabio Fin Krott
Diretora Cultural: Queli Cogo Barreto
Diretor Patrimonial: José De Oliveira
Conselho Fiscal: José Oliveira, Cleusa Barreto,Verônica Vieira
Conselho Fiscal Suplente: Terezinha Oliveira, Tere

Pessoas Envolvidas:

Grupo de Dança Charme da Liberdade: 16
Grupo de Dança Zumbi Erê: 7
 Diretoria: 10

CAPOEIRA
Ilustração: Capoeira or the Dance of War by Johann Moritz Rugendas, 1825. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Capoeira
 É brasileira, mas de raiz cultural africana.
É dança? É jogo? É luta? É tudo isso ao mesmo tempo? Parece que sim, e é isso que a torna tão complexa, tão rica, tão surpreendente.
É luta "das mais violentas e traiçoeiras", dissimulada, disfarçada em "brinquedo", jogo de habilidade física, astúcia, beleza... e muita malícia!
A Capoeira é uma manifestação da cultura popular brasileira que reúne características muito peculiares:
1. É um misto de luta–jogo–dança;
2. O ritmo e as características do jogo são regidos pelo toque do berimbau, instrumento preponderante na orquestra de capoeira (que inclui também o pandeiro, o atabaque, além do agogô, o reco-reco, o adufe etc.)
3. Os cânticos (às vezes acompanhados de palmas) também têm função importante na determinação do tipo de jogo.
4. É um excepcional sistema de autodefesa e treinamento físico, destacando-se entre as modalidades desportivas por ser a única originariamente brasileira e fundamentada em nossas tradições culturais.
O espaço em que se pratica a capoeira é a roda, um círculo em torno do qual se sentam (ou apenas se agacham) os praticantes.
Junto à entrada da roda ficam os instrumentos, com o(s) berimbau(s) ao centro, comandando a roda. Todos os participantes devem saber tocar os instrumentos, de modo que possam revezar-se na função, permitindo assim que todos tenham sua vez de jogar.
As palmas são responsabilidade daqueles que estão sentados assistindo, esperando sua vez de jogar, acompanhando sempre o ritmo ditado pelo berimbau.
Todos devem responder em coro aos versos cantados. Uma boa roda de capoeira acontece quando todos os envolvidos, ainda que poucos estiverem participando com vontade, dando corpo ao acompanhamento musical e aumentando assim a motivação daqueles que jogam.
A Capoeira é um complexo cultural riquíssimo; quando nós, brasileiros, tivermos realmente deixado de ser os “suicidas culturais” que por vezes ainda somos, e tivermos então aprendido a dar o devido valor às mais genuínas criações de nossa própria cultura, certamente a capoeira será considerada como um diamante dos mais cotados entre os produtos culturais.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

EXPOIJUÍ/FENADI 2012 já é um sucesso! O mundo das Etnias que colonizaram o município de Ijuí é o seu diferencial e a grande atração da festa até o dia 21 de outubro!

A bonita foto da solenidade de abertura foi publicada pelo site "Ijuí.Acontece", disponível em: http://www.ijuiacontece.com.br/wf2012/index.php?option=com_content&view=article&id=2161:-expoijui-fenadi-2012-e-aberta-oficialmente-nesta-manha-&catid=56:ijui&Itemid=88:

União das Etnias

 Texto publicado no site oficial da UETI, disponível em: http://www.expoijuifenadi.com.br/publicacao-301-ueti.fire

 HISTÓRICO UNIÃO DAS ETNIAS DE IJUÍ

    A UNIÃO DAS ETNIAS DE IJUÍ, de Ijuí, foi fundada em 19 de Abril de 1996, registrado no Livro A-1, folha 197, sob n° 344, aos 12 dias do mês de Setembro de 1996 do Registro Civil das Pessoas Jurídicas de Ijuí – RS é uma associação livre de caráter cultural, com personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, com prazo de duração indeterminado. Tem por fins promover a união étnica de Ijuí-RS, coordenar eventos, projetos e atividades de interesse comum dos Centros Étnico-Culturais de Ijuí-RS e estimular o intercâmbio com entidades congêneres.
       Coordena e organiza o movimento étnico em Ijuí, realiza anualmente a FENADI – Festa Nacional das Culturas Diversificadas, um evento cultural que mantêm viva na memória dos descendentes de imigrantes a tradição e a cultura de seus antepassados. Compõem o movimento étnico em Ijuí as etnias: Grupo Cultural Herdeiros de Zumbi, Centro Cultural “25 de Julho”, Casa de Cultura Árabe, Centro Cultural Austríaco de Ijuí, Centro de Cultura Espanhola, Associação Tradicionalista Querência Gaúcha, Sociedade Cultural Holandesa de Ijuí, Centro Cultural Regional Italiano, Centro Cultural Leto de Ijuí, Sociedade Cultural Polonesa Karol Wojtyla, Centro Cultural Português de Ijuí e o Centro Cultural Sueco de Ijuí.
   O Movimento Étnico de Ijuí envolve hoje aproximadamente 2313 pessoas de todas as idades. Destacando-se o envolvimento dos jovens que participam dos diversos grupos de danças. Nas etnias somam 467 dançarinos e na entidade Querência Gaúcha que congrega dez Centros Tradicionalistas o número de participantes é em torno de 575.

 FENADI – 25 ANOS

Texto de Marli Meiger Siekierski
       Magníficas florestas estendiam-se às margens do rio Ijuí. Havia o interesse do governo em tornar as terras agricultáveis. Por isso, no ano de 1889 mandou medir mil colônias para serem ocupadas pelos imigrantes tidos como trabalhadores e pacíficos.
Primeiros colonizadores de Ijuí
     Provindos de diversos países os imigrantes foram os pioneiros no desenvolvimento do município que passou a caracterizar-se pela diversidade étnica. Desde os tempos da fundação da Colônia Ijuhy a 19 de outubro de 1890 há registros de que em encontros religiosos e festivos 19 línguas eram ouvidas, quem sabe, dialetos diferentes.
     O trabalho, a união familiar e a religiosidade marcaram a história destes povos que tornaram Ijuí próspero nas diversas áreas da sociedade.
Por muitos anos os imigrantes mantiveram suas tradições e as repassaram para os filhos e netos.
     A partir de 1981 Ijuí passa a viver um novo momento. Realiza-se a I EXPO-Ijuí. A avaliação da feira aponta para a necessidade de novas ações que resultassem num maior crescimento do município.
Desta forma, no ano de 1984 a FIDENE provocou lideranças do município a pensarem em estratégias para o desenvolvimento de Ijuí. A primeira reunião ocorreu na ACI no dia 22 de julho daquele ano, contando com a participação da ACI, FIDENE, COTRIJUI e Prefeitura Municipal. Coordenado pelo professor Adelar Baggio.
        Após a realização da 2ª EXPO – IJUÍ, a avaliação do evento apontava para a necessidade de dar um novo ânimo à exposição. Algo que somado à indústria viesse revigorar a feira. Nesse sentido o professor Mario Osório Marques posicionou-se dizendo “...seria necessário ampliar o sentido destas feiras, não só dos produtos comercializados, como no sentido espiritual e artístico...” O ilustre Professor defendia e posicionava-se a favor da formação da identidade étnica(...). Cabe destacar, que o movimento étnico de Ijuí nasceu “dentro da Comissão ‘Ijuí, por uma Cidade Universitária’. Levada à Comissão da Retomada do Desenvolvimento do Município”  (Professor Adelar Baggio). A sugestão foi bem aceita e já colocada em prática no ano de 1987.
       Desta forma, as etnias teriam novamente um papel preponderante na história do município. O papel de alavancar o trabalho e de resgatar e expressar a cultura destes povos. E foi o Professor Mario Osório Marques quem sugeriu a realização de uma grande festa que congregasse os diversos grupos étnicos constituintes do município. Surge então o Movimento Étnico no município.
     Foi numa reunião informal realizada à sombra de uma frondosa árvore situada onde hoje se localiza a casa árabe que a Comissão da Retomada analisava as mudanças que poderiam ocorrer em Ijuí, quando sugeriu-se a construção de casas das etnias no parque Assis Brasil. Naquele momento o quebra-cabeça passou a tomar forma. Foi então que o vice-prefeito, na época  Valdir Heck sugeriu que se fizesse uma reunião motivacional no Povoado Santana, berço dos poloneses em Ijuí, composto por um núcleo populacional organizado e que em muitos aspectos vinha mantendo as tradições dos pioneiros.
    “A proposta lançada pelos líderes do projeto, encontrou imediata resposta dos descendentes de poloneses, concentrados especialmente em Povoado Santana, logo seguidos por outros grupos étnicos. Essa mobilização foi fundamental para viabilizar a realização da I Festa Nacional das Culturas Diversificadas – FENADI, no mês de outubro do ano de 1987.” Tendo como Presidente o professor Adelar Baggio.
      Inúmeras reuniões lideradas por ele e por outras lideranças, em Santana e em outras localidades com os poloneses, alemães e italianos resultaram na organização dessas três etnias que “ construíram suas casas típicas, prepararam grupos de danças e mostraram suas pujantes gastronomias na 1ª FENADI de 1987. Lembramos que a Sociedade Cultural Karol Wojtyla foi fundada em 02/05/1987, O Centro Cultural 25 de Julho, em 09/05/1987 e o Centro Cultural Regional Italiano de Ijuí, em 12/08/1987. Logo após a feira, em 20/11/1987, foi fundado o Centro Cultural Herdeiros de Zumbi, em 25/11/1987, O Centro de Cultura Austríaca e em 16/12/1987, a Sociedade Cultural Holandesa. No ano seguinte, em 05/01/1988, fundou-se o Centro Cultural Português e em 17/10/1988, o Centro Cultural Leto. Para congregar os 12 povos de Ijuí fundou-se em março de 1990 a Associação Tradicionalista Querência Gaúcha, em 10/09/1990, a Casa de Cultura Árabe, em 08/08/1992, o Centro de Cultura Espanhola e em 12/10/1996, o Centro Cultural Sueco.

       Especificamente com relação  I FENADI buscava-se:


a- Estimular todos os grupos étnicos de Ijuí a sua organização específica como grupo social e incentivá-los para que cultivem as suas tradições e valores, através das mais diversas manifestações, ou sejam: alimentação, vestuário, arquitetura, dança, música, teatro, pintura, escultura, “memória histórica”, etc.
b- Estimular a comunicação dos grupos, das pessoas e dos grupos étnicos de Ijuí com os respectivos grupos, movimentos e outras formas de manifestações específicas, culturais, artísticas no Rio Grande do Sul, no Brasil e no País de origem.
c- Estimular estudos, debates, encontros e outras formas de entendimentos e cultivo das mais diversas manifestações e expressões étnicas, culturais e artísticas, fruto de rica miscigenação ou de “mistura” dos seguintes grupos étnicos que participaram de todo processo de colonização de Ijuí e da Microrregião: alemães, espanhóis, italianos, letos, poloneses, luso-brasileiros, suecos, húngaros, sírio-libaneses, teuto-russos, holandeses, austríacos, negros, japoneses, franceses, ameríndios, suíços, entre outros.
      No dia 19 de abril de 1996, os grupos étnicos constituíram a UETI - União das Etnias de Ijuí. Entidade Civil de caráter cultural que tem como objetivo Promover a União Étnica de Ijuí; Coordenar Eventos, Projetos e Atividades de interesse comum dos Centros Étnico-Culturais e estimular o intercâmbio com Entidades Congêneres.
       No decorrer destes anos o movimento étnico foi crescendo e nesta FENADI de 2011 presidido pelo Sr. Nelson Casarin, a Festa Nacional das Culturas Diversificadas esta comemorando 25 anos de história.
O Movimento Étnico de Ijuí envolve hoje aproximadamente 2313 pessoas de todas as idades. Destacando-se o envolvimento dos jovens que participam dos diversos grupos de danças. Nas etnias somam 467 dançarinos e na entidade Querência Gaúcha que congrega dez Centros Tradicionalistas o número de participantes é em torno de 575.
       Envolvendo milhares de pessoas que trabalham voluntariamente para uma causa maior: a preservação e a divulgação da arte e da cultura  guardada com imenso amor e carinho pelos antepassados, e principalmente o amor por esta terra que há mais de um século acolheu de braços abertos os pioneiros que aqui aportaram e que fizeram desta, a sua terra.
      Este potencial cultural distingue Ijuí que traz em sua história a coragem, a fé e o trabalho dos diversos grupos étnicos e da Associação Querência Gaúcha que abraçaram esta terra para torná-la grande!
       Os 25 anos da FENADI representam a coragem, a fé e o trabalho das diversos grupos étnicos que compõe o mosaico cultural que nos distingue e nos engrandece. As etnias e o movimento tradicionalista gaúcho sentem-se irmanados neste avanço cumprindo o seu papel de resgatar, preservar, manifestar a riqueza cultural do país que representam, bem como o nosso querido Rio Grande do Sul.

  Edições da FENADI:

 1987 - I FENADI e III EXPO-IJUÍ – Presidente – Adelar Francisco Baggio (Centro Cultural Regional Italiano);
1988 – II FENADI – Presidente - Adelar Francisco Baggio (Centro Cultural Regional Italiano);
1989 – III FENADI – Presidente – Luiz Hocevar Filho (Centro Cultural Austríaco);
1990 – IV FENADI – Presidente – Armindo Pydd (Centro Cultural Leto);
1991- V FENADI – Presidente – Avelino Puhl (Centro Cultural 25 de Julho);
1992 – VI FENADI – Presidente – Maximiliano Bogo (Associação Tradicionalista Querência Gaúcha);
1993 – VII FENADI – Presidente - Luiz Sidney Leal de Oliveira (Centro Cultural Português);
1994 – VIII FENADI – Presidente - Lindolfo Gustavo Rucks (Sociedade Cultural Karol Wojtyla);
1995 – IX FENADI – Presidente – Ademir Gonçalves Miná (Casa de Cultura Árabe);
1996 – X FENADI – Presidente – Orlando Romeu Etgeton (Centro Cultural 25 de Julho e CEMDEC);
1997 – XI FENADI – Presidente – Ademir Gonçalves Miná (Casa de Cultura Árabe e UETI);
1998 – XII FENADI – Presidente – Ademir Gonçalves Miná (Casa de Cultura Árabe e UETI);
1999 – XIII FENADI – Presidente – Wilmar Costa da Rosa (Grupo Cultural Herdeiros de Zumbi e UETI);
2000 – XIV FENADI – Presidente – Wilmar Costa da Rosa (Grupo Cultural Herdeiros de Zumbi e UETI);
2001 – XV FENADI – Presidente – Wilmar Costa da Rosa (Grupo Cultural Herdeiros de Zumbi e UETI);
2002 – XVI FENADI – Presidente – Wilmar Costa da Rosa (Grupo Cultural Herdeiros de Zumbi e UETI);
2003 – XVII FENADI – Presidente – Onésimo Antonio Ceratti (Centro Cultural Regional Italiano e UETI);
2004 – XVIII FENADI – Presidente – Onésimo Antonio Ceratti (Centro Cultural Regional Italiano e UETI);
2005 – XVIX FENADI – Presidente – Onésimo Antônio Ceratti (Centro Cultural Regional Italiano e UETI);
2006 – XX FENADI – Presidente – Onésimo Antonio Ceratti (Centro Cultural Regional Italiano e UETI);
2007 – XXI FENADI – Presidente – Renato Pereira de Melo (Centro Cultural Português e UETI);
2008 – XXII FENADI – Presidente – Renato Pereira de Melo (Centro Cultural Português e UETI);
2009 – XXIII FENADI – Presidente – Carlos Vieira Figueira (Grupo Cultural Herdeiros de Zumbi e UETI);
2010 – XXIV FENADI – Presidente – Carlos Vieira Figueira (Grupo Cultural Herdeiros de Zumbi e UETI);
2011 – XXV FENADI – Presidente – Nelson Casarin – (Centro Cultural Regional Italiano e UETI);
2012 – XXVI FENADI – Presidente – Nelson Casarin – (Centro Cultural Regional Italiano e UETI);
  
Presidentes das Etnias - (Gestão 2012):

AFROS
Grupo Cultural Herdeiros de Zumbi
WILMAR COSTA DA ROSA
ALEMÃES
Centro Cultural “25 de Julho”
ERLO ENDRUWEIT
ÁRABES
Casa de Cultura Árabe
RENEE EL AMMAR
AUSTRÍACOS
Centro Cultural Austríaco de Ijuí
MARLENE VONTOBEL
ESPANHÓIS
Centro de Cultura Espanhola
MARIA IVONE JUSWIAK
GAÚCHOS
Associação Tradicionalista Querência Gaúcha
PATRÃO DIONAR LUIS KRAMER
HOLANDESES
Sociedade Cultural Holandesa de Ijuí
GERTRUD OLINDA COMMANDEUR
ITALIANOS
Centro Cultural Regional Italiano
ONÉSIMO ANTÔNIO CERATTI
LETOS
Centro Cultural Leto de Ijuí
AURÉLIO SAKIS
POLONESES
Sociedade Cultural Polonesa Karol Wojtyla
CLAUDIO KUSIAK
PORTUGUESES
Centro Cultural Português de Ijuí
NORMA CARVALHO FERREIRA
SUECOS
Centro Cultural Sueco de Ijuí
LUIZ EDVINO HEDLUND

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Série Dr. Martin Fischer - 05: Codinome - Spectador! Ernst Feder, escritor e jornalista internacional tinha grandes contatos com a cidade de Ijuí - nos 50.

Através dos “codinomes”, grandes personagens conseguiram expressar suas opiniões e relatar fatos polêmicos no decorrer da história.
Ernst Feder

“Spectador” era o codinome usado por Ernst Feder, nascido em Berlim em 18 de março de 1881. Feder foi jornalista e editor do “Berliner Tageblatt” (1919-1931). Presidente da Associação da Imprensa Alemã, Juiz permanente do Tribunal Internacional de Honra da Imprensa de Haia. Possuía posição de liderança dentro do partido democrático alemão. Feder emigrou para França em 1933 e para o Brasil em 1941 aonde continuou seus trabalhos jornalísticos, escrevendo para “Diário de Notícias, ”Jornal do Brasil”, ”O Jornal”, ”Jornal do Comércio”, “Diretrizes”, “A noticia”, “Gazeta”, “Folha da Manhã”, “A noticia”, “Gazeta”, “Tribuna”, “A tarde”. 
Ele retornou à Alemanha em 1957 e morreu em Berlim, em 29 de março de 1964. Encontramos artigos de Feder, na coleção Martin Fischer  localizada no Museu Antropológico Diretor Pestana – MADP, de Ijuí. Em noticias do Jornal Die Serra Post, Correio Serrano, e nas correspondências trocadas entre ele e o Dr. Martin, (conf. MADP 0.6.4 pasta 10,documentos 202,215,225) com uma linguagem de grandes pensadores, e sentimentos de   admiração e respeito mútuo. 
A Editora Ulrich Löw que editava o jornal Correio Serrano, Die Serra Post e o Serra-Post Kalender foram grande divulgadores das idéias e artigos de Ernst Feder, tendo inclusive publicado algumas vezes alguns textos inéditos deste escritor e jornalista internacional, principalmente na década de 50. E certamente Martin Fischer era a pessoa de contato/editor e intermediária entre Feder e a Editora Löw.
Infelizmente não temos esta página do jornal Die Serra Post em resolução maior.
 Foi Feder um dos mentores da resistência contra o nazismo, organizando movimentos que mobilizaram grandes escritores e humanistas (“União dos Escritores contra o Fascismo”, conforme o jornal “Folha Carioca 22/01/45”). Ele também foi grande amigo de Stefan Zweig. Inclusive foi o  último ao vê-lo com vida antes do trágico suicídio dele e sua esposa em Petrópolis,  no Rio de Janeiro em 1942.
Ernst Felder escreveu verdades sobre o terror nazista (artigo “Assim fala a rádio de Berlim”... publicado no Diário de Notícias 09/01/45); sobre a famosa “Operação Valquíria”, também relatou os nomes dos juízes tão bem conhecidos por ele no Tribunal de Nuremberg em pleno ano de 1945, além de fatos históricos da velha Europa, com riquezas de detalhes nunca relatadas por outrem, trazendo grandes contribuições para o conhecimento histórico.


 
 E, acima de tudo, Feder era um ser humano que acreditava realmente nas palavras do amigo Zweig,  que em sua carta de despedida ansiava pela  libertação do mundo  do “pesadelo nazista”, com a seguinte mensagem: “...saúdo a todos os meus amigos que ainda possam ver a aurora após a longa noite. Eu, demasiado impaciente, vou-me embora antes (Stefan Zweig,Petrópolis 22.11.42)....”

Anexo: Uma biografia mais completa sobre Ernst Feder:
   Pesquisadora e historiadora Marcia Adriana Krug