De acordo com a historiadora Marilda Almeida da Silva em sua dissertação de mestrado sob o título “Fragmentos: Vestígios que contam história – Ijuí de 1890-1938”, apresentada em 2003 no Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Porto Alegre, RS, e citada pela acadêmica de Jornalismo da Universidade de Ijuí, Vanessa Hauser, escreve em seu artigo “Tempo Perdido” (http://www.projetos.unijui.edu.br/entrelinhas/index.php?i=materia&id=71), publicado no Jornal Laboratório produzido pelos acadêmicos de Redação Jornalística III do curso de Comunicação Social da UNIJUÍ, que o Bar e Café Sokolowski foi o grande “point” da “Colônia de Ijuí” no início do século passado, quando a cidade de Ijuí dava seus primeiros passos rumo ao crescimento e emancipação política/administrativa da sede – Cruz Alta.
A localização e o próprio prédio do Bar e Café Sokolowski tem muita história para contar, segundo a historiadora Marilda, revela em suas pesquisas para o mestrado. Este trabalho, ainda, não está publicado, - e por isso temos somente fragmentos de seu conteúdo – revelado por Vanessa. Reproduzimos assim, o que nos foi passado. Inicialmente ela está falando sobre o prédio onde funcionava o Bar e Café. Informa que o:
“... prédio, {foi} construído provavelmente entre os anos 1913 e 1914 no local onde hoje está situada a livraria Santo Antônio.
Esta construção foi planejada, inicialmente, para ser a {terceira} sede - {própria} do Clube Ijuhy. Porém, uma década foi tempo suficiente para que o espaço se tornasse pequeno demais para sediar as festividades da comunidade. O estabelecimento foi vendido em 1918 para Andréas Sokolowski, um comerciante alemão. Andréas, que nasceu em um vilarejo na Alemanha, freqüentou diversos cursos de confeitaria em seu país de origem. Lá, também trabalhou como confeiteiro até 1913. Foi então que viajou em um luxuoso navio passando pelos Estados Unidos, Austrália e China. E em 1914, recém-casado e prevendo os conflitos que estariam por vir, Andréas veio ao Brasil e se fixou em Ijuhy, onde seu irmão já residia. A compra do prédio, em 1918, possibilitou a concretização do sonho deste imigrante, ou seja, abrir o seu próprio café.
O Bar e Café Sokolowski rapidamente conquistou uma clientela seleta. Naquele lugar ocorreram inúmeros encontros, fosse para a descontração e o desfrute da gastronomia alemã, fosse para as confraternizações políticas de Coronel Dico e seus aliados.
“Ali casais iam conversar, adolescentes tomavam gasosas, senhoras apreciavam a baumkuchen (uma espécie de cuca). Para os mais modernos, o estabelecimento possuía sala reservada, na qual eram servidas iguarias, enquanto algumas moças ousavam ali namorar”...
Foi também neste local que em 1934 surgiu a Sociedade Renascença. Esta sociedade foi criada por um grupo de jovens que não estava satisfeito com as posturas conservadoras do Clube Ijuhy, influenciado por Coronel Dico. Por isso resolveram criar o seu próprio clube, que chegou até a possuir estatuto e cujas festas, bailes e reuniões aconteciam em uma das salas do café Sokolowski. O clube de sentido um tanto quanto “revolucionário” promovia inclusive os bailes burlescos - em outras palavras: o carnaval da época.
ASPECTOS DA FORMA: Tratando um pouco da arquitetura, o prédio onde estava instalado o Café Sokolowski era de estilo neoclássico. As janelas possuíam adornos com motivos florais. Possuía um andar e mais o subsolo, que servia como área de serviço e adega. A fachada principal do café, que dava para a rua Benjamin Constant, possuía uma espécie de varanda, ou seja, apresentava um recuo com relação à calçada...
Ali, durante o verão, os clientes de Andréas podiam desfrutar da sombra dos plátanos, acomodados ao redor de mesas de mármore, enquanto se refrescavam com chás gelados ou gasosas. A clientela também podia desfrutar da famosa bebida do irmão de Andréas, Max Sokolowski. Era o licor "Chuva de Ouro", produzido com ingredientes chamados "flocos de ouro" vindos diretamente da Europa. O estabelecimento, vale lembrar, possuía uma “máquina de fazer gelos”.
O fato é que em 1937 um incêndio deu fim ao badalado café da Vila Ijuhy e o tempo deu conta de ir apagando a memória de tantos acontecimentos...”.
Até aqui temos o relato da professora Marilda Almeida da Silva. Vanessa Hauser em seu artigo “Tempo Perdido” que discute sobre a importância histórica, preservação, manutenção e restauração de diversas construções históricas da cidade faz ainda o seguinte comentário: “... histórias como a do Café Sokolowski demonstram como a falta da referência material faz com que as histórias e o patrimônio imaterial se apaguem com o tempo”.
Fonte primária: SILVA, Marilda Almeida da; em sua dissertação de mestrado sob o título “Fragmentos: Vestígios que contam história – Ijuí de 1890-1938”, apresentada em 2003 no Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Porto Alegre, RS.
Fonte secundária - Texto e fotos antigas: HAUSER, Vanessa. Artigo “Tempo Perdido” escrito pela acadêmica de jornalismo Vanessa Hauser. Publicado no Jornal Laboratório produzido pelos acadêmicos de Redação Jornalística III do curso de Comunicação Social da UNIJUÍ. Disponível em: http://www.projetos.unijui.edu.br/entrelinhas/index.php?i=materia&id=71
Nenhum comentário:
Postar um comentário