Grande parte do desenvolvimento da cidade de Ijuí deve-se a construção da estrada de ferro, a 100 anos atrás, em 1911. Ela abriu as portas para as incipientes indústrias e firmas comerciais de nossa terra, pois facultou a comercialização entre sedes mais “velhas”, e o resto do País
A obra foi iniciada em 1906, graças à iniciativa de alguns colonizadores, que preocupados com a falta de transportes, resolveram reivindicar o ramal, que seria mais tarde o “elo” de ligação entre os municípios de Cruz Alta e Santa Rosa, além de beneficiar as cidades de Ijuí e Santo Ângelo.
Antonio Soares de Barros, o Cel. Dico de Ijuí |
Paralelamente a construção da estrada de ferro, os irmãos Antonio e Salatiel Soares de Barros, organizaram uma empresa comercial, com o objetivo de fornecer material para a estrada, bem como gêneros alimentícios ao 3º Batalhão Ferroviário. A organização surgiu em Cruz Alta no ano de 1906 com o nome de “Casa Salatiel”, com Dico e Salatiel Associados.
Por outro lado, a Casa Dico de Ijuí, que já funcionava há vários anos instalava um armazém volante, que em sua maior parte, encontrava-se estacionado no Faxinal (hoje cidade de Dr. Bozano).
Dr. Bozano inicialmente chamava-se Faxinal ou Picada Faxinal. A localidade servia como ponto de passagem pois ligava o norte do Estado à estação ferroviária de Faxinal, implantada em 1910. Esse aspecto propiciou o desenvolvimento de uma série de estabelecimentos comerciais e industriais na localidade. (Fonte: Histórico da cidade de Dr. Bozano. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=430258#
Dr. Bozano inicialmente chamava-se Faxinal ou Picada Faxinal. A localidade servia como ponto de passagem pois ligava o norte do Estado à estação ferroviária de Faxinal, implantada em 1910. Esse aspecto propiciou o desenvolvimento de uma série de estabelecimentos comerciais e industriais na localidade. (Fonte: Histórico da cidade de Dr. Bozano. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=430258#
Em Cruz Alta, a Casa Salatiel, supria em parte, o 3º Batalhão Ferroviário de instrumentos manuais: como picaretas, machados, foices e outros. Também os trilhos usados para a estrada e a ponte férrea sobre o rio Ijuí (na localidade do Itaí) foram fornecidos pela firma sediada em Cruz Alta.
(Uma reflexão pessoal do autor: "Quando era criança andei uma vez de trem e várias vezes a pé sobre os trilhos de trem que ligam Ijuí/Cruz Alta. Mesmo com uma mente de criança, na época, observei várias vezes, que aquele trecho ferroviário tem muita curva, muitas voltas. Não entendia por quê delas? Algumas ao nosso ver não são necessárias, e assim o trecho poderia ser mais reto e rápido. Esse fato também explica porque uma viagem de trem levava algumas horas nos primeiros tempos...
Na época até pensava em contar quantas curvas tem até Cruz Alta... coisa de criança pequena! Entrentanto, pensando bem - nos dias de hoje - o que poderia significar isso: quanto mais curvas, mais a obra iria demorar, mais trilhos iria precisar e todos os acessórios necessários, etc.. E, ... analisando o terreno entre Ijuí e Cruz Alta não encontramos nenhum acidente geográfico de grande relevância que justificaria tanto desvio e curvas...
Enfim, fica aqui a nossa memória e reflexão dos tempos de criança, mas que ainda hoje de tempos em tempo voltam a nossa mente. Não temos provas.... mas certamente alguém ganhou - e muito dinheiro - com a construção da estrada de ferro, não só entre Cruz Alta e Ijuí, mas por esse Brasil a fora....).
A ponte construída pelo Batalhão Ferroviário, comandada pelo Coronel Pantoja, tem um vão de 80 metros e pesa cerca de 250 toneladas. Além disso, até uma locomotiva, conhecida como “Chocolateira” foi adquirida pela Comissão de Construção da Estrada à firma alemã Bomberg & Cia, por intermédio da casa comercial de Antonio Soares de Barros. Portanto, as duas casas dos irmãos Dico, supriram de materiais, instrumentos e genêneros alimentícios os primeiros moradores e construtores das terras de Ijuí, constituindo-se numa baluarte do progresso de nossa terra.
(Uma reflexão pessoal do autor: "Quando era criança andei uma vez de trem e várias vezes a pé sobre os trilhos de trem que ligam Ijuí/Cruz Alta. Mesmo com uma mente de criança, na época, observei várias vezes, que aquele trecho ferroviário tem muita curva, muitas voltas. Não entendia por quê delas? Algumas ao nosso ver não são necessárias, e assim o trecho poderia ser mais reto e rápido. Esse fato também explica porque uma viagem de trem levava algumas horas nos primeiros tempos...
Na época até pensava em contar quantas curvas tem até Cruz Alta... coisa de criança pequena! Entrentanto, pensando bem - nos dias de hoje - o que poderia significar isso: quanto mais curvas, mais a obra iria demorar, mais trilhos iria precisar e todos os acessórios necessários, etc.. E, ... analisando o terreno entre Ijuí e Cruz Alta não encontramos nenhum acidente geográfico de grande relevância que justificaria tanto desvio e curvas...
Enfim, fica aqui a nossa memória e reflexão dos tempos de criança, mas que ainda hoje de tempos em tempo voltam a nossa mente. Não temos provas.... mas certamente alguém ganhou - e muito dinheiro - com a construção da estrada de ferro, não só entre Cruz Alta e Ijuí, mas por esse Brasil a fora....).
Ponte de Ferro no Distrito do Itaí sobre o rio Ijuí. Foto disponível no site do jornal HoraH: <http://www.horahijui.com.br/imagens_galeria.html). |
A ponte construída pelo Batalhão Ferroviário, comandada pelo Coronel Pantoja, tem um vão de 80 metros e pesa cerca de 250 toneladas. Além disso, até uma locomotiva, conhecida como “Chocolateira” foi adquirida pela Comissão de Construção da Estrada à firma alemã Bomberg & Cia, por intermédio da casa comercial de Antonio Soares de Barros. Portanto, as duas casas dos irmãos Dico, supriram de materiais, instrumentos e genêneros alimentícios os primeiros moradores e construtores das terras de Ijuí, constituindo-se numa baluarte do progresso de nossa terra.
A Casa Dico e Salatiel chegou a ser credora do Governo Federal à quantia superior a trezentos contos de réis, em vista do fornecimento de alimentação e material antecipadamente, isto é, antes que o Congresso Nacional, liberasse verbas afim de que as obras não fossem paralisadas, e para que a estrada de ferro realmente inaugurada no dia 19 de outubro de 1911, isto é, a cem anos atrás.
Luis Carlos Ávila
Observação: Este trabalho de pesquisa foi publicado originalmente no jornal Correio Serrano, no dia 19 de outubro de 1982.Baseado em texto hoje publicado no livro "Nossas Coisas e Nossa Gente", organizado pr Mário Osório Marques e Argemiro J. Brum, publicado pela Editora UNIJUÍ, 2004, Ijuí, pp. 209-214.
Para saber mais sobre a estrada de Ferrro de Ijuí leia:
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