Coluna do IJUHY de ANTIGAMENTE publicada na edição deste sábado do Jornal da Manhã de Ijuí, 04 de janeiro de 2025. |
Compartilhamos a coluna do IJUHY de ANTIGAMENTE no Jornal da Manhã de hoje, 06/04/2024, procurando resgatar, relembrar e até mesmo compartilhar com muitos que ainda não sabiam de que o espaço geográfico do território da Colônia de Ijuhy, primeira criada após a Proclamação da República no Brasil, em 1890, foi detalhadamente planejado e organizado - ao menos nas primeiras décadas. A existência de um "Marco Zero" e o interessante traçado das primeiras ruas, linhas e travessões:
Esse movimento e expectativa de transferir a recém-criada Colônia de Ijuhy para mais próxima do rio Ijuí surgiu por volta de sete ou oito anos, depois de sua fundação em 1890, quando já estava sendo administrada pelo engenheiro Dr. Augusto Pestana.
Ainda não sabemos, mesmo com muita pesquisa em documentos antigos, qual seria o motivo para tal decisão, que certamente iria afetar muitos imigrantes já estabelecidos na área central da Colônia. Por outro lado, houve também pessoas que levaram a sério a decisão e proposta que ora estava sendo apresentada.Entre elas, o imigrante russo
Emil Glitz, que já estava estabelecido na vila com uma casa comercial e
hospedaria (hotel Glitz), na esquina das ruas 19 de Outubro com a do Comércio.
Atendendo apelo do engenheiro Augusto Pestana, administrador da Colônia de
Ijuhy, em 1898, Emil Glitz transferiu sua casa comercial para as proximidades
do rio Ijuí, onde atualmente está a ponte da RS-155. Ali dedicou-se também a
plantação de cana-de-açúcar, construiu um alambique e ainda cuidava de uma
barca que fazia a travessia do rio.
Porém, em 1906, dando-se
conta de que o centro da Vila continuava a se expandir onde está até os dias de
hoje, Emil Glitz decidiu retornar com sua família ao local de origem, passando
a cuidar, novamente, de sua casa comercial e do hotel, que já existia, próxima
dos trilhos... que seria construído em 1912...
✅ Num breve momento da história política de Ijuí, 1925-27, o coronel Dico esteve ausente da liderança política: *"Nesse período ele não foi intendente em decorrência do Pacto de Pedras Altas, que não permitia a reeleição. Nesse período, o Coronel Steglich esteve à frente do governo Municipal e, após a sua renúncia, o médico Ulrich Kulhmann assumiu a Prefeitura.
✳️ Em fins de 1934, houve eleições
municipais em Ijuí e, pela primeira vez, o Cel. Dico levava um número
expressivo de votos contrários. Acontecia que os colonos estavam descontentes
com o preço pago pela banha, pelos donos dos chamados "Sindicatos da
Banha". Os colonos aproveitaram a primeira vez que o voto era secreto e
votaram contra. (Fonte: Programa Memória Viva do MADP).
REFERÊNCIAS:
- BINDÉ, Ademar Campos. Obras
centenárias de um pioneiro. O Repórter, Ijuí, 16 abr. 2011. História, p. 10.
- IJUÍ – 1912 – 1962. Revista histórica dos 50 anos da emancipação de Ijuí. Ijuí: Livraria Serrana, 1962.
Durante administração da Colônia de Ijuhy, em 1892-1898, a
cargo de Horácio da Silva Lima (filho de José Gabriel da Silva Lima, que abriu
a Picada da Conceição), considerada fraca, aconteceu a Revolução de 1893-1895,
conhecida também como a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul. Muito
afetou o desenvolvimento da Colônia. Os créditos para as Comissões de Terras
foram restritos ao mínimo.
Nessa época registra o professor Danilo Lazzarotto, em seu
livro sobre a história de Ijuí, que a colonização estava num estado bem
precário, tudo ainda para construir, e inúmeros imigrantes chegando. Nem as
quadras da Sede estavam demarcadas. O estado sanitário por muito tempo era
péssimo. Não havia remédio para a população. Ainda assim, com os esforços dos
colonos e a inauguração da estrada de ferro em Cruz Alta (1894) que facilitava
um tanto a comercialização de vários produtos, a situação na Colônia de Ijuhy
começava a melhorar. Em 1895, é realizado o primeiro censo geral da Colônia de
Ijuí e se constata uma população de 6.068 habitantes. A produção local que foi
registrada no recenseamento já era expressiva, tanto na agricultura, na
pecuária como na indústria, comércio e no setor de serviços.
Por causas de desavenças antigas do então Intendente de Cruz
Alta, General Fermino de Paula com o pai de Horácio, o agrimensor José Gabriel
(que abriu a Picada da Conceição), motivou que Horácio da Silva Lima recebesse
poucos recursos do Governo do Estado e que fosse substituído de seu cargo, no
dia 6 de dezembro de 1898, por decisão do então Presidente (Governador) Augusto
Borges de Medeiros. Um novo Chefe da Comissão de Terras de Ijuhy seria então
nomeado, o engenheiro Augusto Pestana, que tomou posse no dia 8 de janeiro de
1899.
🤔VOCÊ SABIA QUE:🙃
🗒️- na agricultura:
19.439 sacos; feijão 2.799 sacos; centeio 1.483 sacos; cevada 620 sacos; trigo
2.103 sacos; batata 347 sacos; arroz 152 sacas; 15 pipas de aguardente; 7 pipas
de vinho.
🐮- na pecuária: 1.177
vacuns; 73 muares; 769 cavalos; 4.979 suínos.
🏭- na indústria, comércio
e no setor de ser serviços: 1 curtume; 1 fábrica de cerveja; 3 olaria; 9
moinhos; 13 casas de negócios; 3 ferrarias; 1 armeiro; 1 hotel.
LAZZAROTTO, Danilo. História de Ijuí. Cadernos do Museu, nº 06. Ijuí: Editora UNIJUÍ, 2002, pp. 75-76.
Segundo pesquisas do professor e historiador Danilo
Lazzarotto, o início da colonização de Ijuí foi orientado pelo engenheiro, José
Manuel da Siqueira Couto, que era chefe da Comissão de Terras de Silveira
Martins, então Distrito de Santa Maria. “Mal inaugurado o núcleo colonial a
Comissão de Terras foi transferida para Ijuí e, em ofício de 20/1/1891,
Siqueira Couto recebeu ordens para providenciar a sede para a instalação da
Comissão (atual Prefeitura Velha) e ‘que os imigrantes se dirijam agora
diretamente para Ijuí...”
No entanto Siqueira Couto ficou pouco tempo nessa comissão,
segundo Danilo. Em 19/5/1891 ele foi transferido “para o lugar de Delegado das
Terras de Espírito Santo”. Em seu lugar ficou, embora não nomeado, o agrimensor
Luiz Augusto de Azevedo, que aliás administrou quase sempre a Colônia de Ijuí,
pois na maioria do tempo Siqueira Couto permanecia em Silveira Martins.
Em 10 de maio de 1892, foi assinado uma nova Portaria
designando para a Comissão de Terras de Ijuhy o agrimensor Ernesto Mutzzel
Filho. Esse foi substituído pelo agrimensor Horácio da Silva Lima (filho de
José Gabriel da Silva Lima). Deixou fama de “homem bom, mas fraco”. Não
realizou muita coisa. Evidentemente a culpa não foi sua, segundo Lazzarotto. A
colonização estava começando, não havia capitais disponíveis. O mercado mais
próximo era o de Cruz Alta. Os caminhos, já em bom número, eram de difíceis
manutenção, o colono mal produzia para viver. Era a “fase de subsistência” da
Colônia de Ijuhy.
✳️Em 1895 realizou-se o *primeiro
recenseamento geral da Colônia de Ijuhy. A população contada foi de 4.225
habitantes, todos moradores na margem esquerda do rio Ijuí. Os quais estavam
distribuídos em 2.127 habitantes nas Linhas de Oeste e 2.098 nas Linhas Leste.
✅A esse recenseamento
acrescentou-se um complementar, de 31 de julho de 1897, dizendo que em 1896 entraram
mais 289 pessoas; em 1897 até 31 de julho, mais 166; mais os espontâneos de
1896 a 1897 em número de 52 e ainda os
mais ou menos 1.000 posseiros que invadiram os lotes medidos pelo Banco
Iniciador de Desenvolvimento na margem direita, dando um total de 6.068
habitantes.
LAZZAROTTO, Danilo. História de Ijuí. Cadernos do Museu, nº 06. Ijuí: Editora UNIJUÍ, 2002, pp. 72-73, 75-76.
Colônia de Ijuí em 1902, na rua do Comércio, na altura onde hoje passa os trilhos da rede ferroviária...
A Colônia de Ijuhy é considerada o primeiro projeto de colonização planejada e organizada da Primeira República. O governo do Brasil decidiu fazer um modelo diferente de povoação, não como era anteriormente na qual juntavam famílias imigrantes italianas ou alemãs e no máximo mais uma etnia, num só local, mas sim a nova proposta era reunir na nova colônia famílias vindas de locais diversificados, ou seja, de diversos países e língua.
Tal fato aconteceu e saiu do papel oficialmente no dia 19 de outubro de 1890, com a implantação da “Colônia de Ijuí”, entre as terras de Cruz Alta e Santo Ângelo. Uma região de mata densa e fechada, no noroeste gaúcho. Ela, mais tarde foi chamada de “Babel do Novo Mundo” por um sacerdote católico polonês, Padre Antoni Cuber, em alusão a presença de habitantes oriundos de diversos locais do mundo. Num artigo do padre Antoni Cuber, publicado em polonês no “Kalendarz Polski”, de 1898, o mesmo nos informa que já naquela época havia no município cerca de 19 nacionalidades: “[...] pois este é o número de idiomas que se ouvem por aqui. Até parece a “Babel do novo mundo”...
Pesquisas realizadas, nos tempos atuais, se constatou que no total, e no decorrer das primeiras décadas da Colônia aqui se estabeleceram no município mais de 40 etnias.
Os primeiros colonos aqui chegados se instalaram em lotes rurais de 25 hectares para cada família, fornecidos pelo governo Estadual do Rio Grande do Sul, que ficou responsável pela implantação e administração da Colônia. Os mesmos, em sua maioria eram constituídos de pequenos agricultores vindos da Europa, ou descendentes. Também estavam presentes, nesses passos iniciais de ocupação das novas terras alguns habitantes de origem indígena, africana e portuguesa que já ocupavam a região antes da criação oficial do núcleo colonial.
Portanto, segundo o professor do curso de história da UNIJUÍ, Paulo Afonso Zarth, “a presença de imigrantes de diversas procedências foi uma política deliberada do governo para evitar “quistos étnicos”, expressão utilizada para se referir aos núcleos coloniais criados anteriormente, com hegemonia de um único grupo étnico”.
VOCÊ SABIA: